Ensaio. DS 7 E-Tense 4X4 360: quando o requinte é uma viagem

Ao longo da história automóvel muitos têm sido os episódios para agregar marcas dentro de grupos, renomear as mesmas, mudar o conceito inicialmente proposto para cada uma delas. Enfim, muito se tem feito na indústria automóvel e uma das últimas tendências para poupar custos veio da junção das várias marcas num grupo, onde cada uma delas absorve plataformas e outros componentes, adaptando-os e lançando a partir daí modelos personalizados que garantem as características do ADN de cada marca.

Mas também fruto da eletrificação algumas marcas têm-se redirecionado somente para esse campo. A Cupra e a DS foram marcas que nasceram associadas a outra marca, mas que inteligentemente se tornaram independentes, mantendo cada uma o seu ADN muito característico.

A DS soube com isso criar um produto genuíno e apetecível, premium, que mostra todo o savoir-faire que a marca mãe Citroën sempre caracterizou a indústria, com inovações que ainda hoje perduram na mente de muitos de nós, como sejam os faróis direcionais, as suspensões pneumáticas, o célebre automóvel boca de sapo, entre muitas inovações que a marca Citroën eternizou e onde a DS se inspirou para procurar aliar a excelência tecnológica do grupo e uma aproximação aos modelos premium que dominam o mercado.

Em termos estéticos o modelo revela-se muito interessante, equilibrado, robusto, elegante e diferenciador, onde a tónica principal se revela na grelha com algumas nervuras e nas assinaturas luminosas, dianteira e traseira, que ajudam a este posicionamento de topo. Mas como qualquer modelo que se pretende posicionar no segmento superior como é o caso da DS teria forçosamente de apresentar qualidade, tanto dos materiais como de construção e, sobretudo mostrar ao cliente que a qualidade percecionada está próxima ou acima da qualidade real.

Encontramos por isso, um interior extremamente elegante, quase como que cada peça esculpida como um diamante onde as formas e os reflexos cativam em cada detalhe, até mesmo nos simples botões dos elevadores dos vidros. Os bancos que nos acolhem são totalmente elétricos e personalizáveis, aquecidos e refrigerados com várias opções de massagens, qual delas a mais agradável.

O painel de instrumentos tem uma boa legibilidade e concentra todas as funções essenciais num modelo que se pretende do segmento superior, o que, aliado a um ecrã central, também eles com boa usabilidade e legibilidade ajudam a recriar o ambiente refinado que a marca almeja.

O espaço interior tanto a frente como atrás é de bom nível, possuindo vários plásticos moles e, tal como tinha referido algures no início do artigo, a qualidade dos materiais e de construção foram colocados um degrau acima para competir neste exigente segmento.

O DS7 tem vários modos de condução, desde o elétrico com uma autonomia superior a 60 quilómetros, híbrido, sport e 4 × 4.

Mas é tempo de o utilizar em estrada.

E, para isso basta clicar no topo da consola central no botão start onde se eleva também o icónico relógio BRM; como a DS refere, “o requinte é uma viagem”. E esta inicia-se em modo elétrico, onde começa por sobressair nos vários quilómetros percorridos o chassis extremamente competente, uma posição de condução confortável e elevada, onde altura acrescida deste SUV permite também toadas mais desportivas sem este perder a compostura mas, sobretudo, o elevado conforto que se sente com esta suspensão que “lê a estrada”.

Quando a bateria desaparece e passamos a utilizar o motor a combustão vem ao de cima a boa insonorização do conjunto, a competência da direção na leitura que faz da estrada mas também a demonstração do legado histórico da Citroën na arte de bem construir automóveis com conforto acima da média e, isso nota-se porque o modelo possui uma suspensão ativa que, através dos vários sensores e da câmara localizada no topo do para-brisas lê a estrada à nossa frente e adapta constantemente a suspensão, tornando-a mais macia ou mais rija. Mas, acreditem não é fácil traduzir em palavras o conforto sentido, porque, além disso, consegue conciliar com eficácia.

Pelo facto de ter até 360 cavalos e poder ter tração 4 × 4, na chuva torna-se ainda mais atraente, confiável e seguro como tivemos ocasião de testar.

Em resumo, se pudesse caracterizar a DS pelo modo como quer apresentar este modelo diria que tudo tentou fazer para oferecer o que de melhor o grupo sabe, em termos de tecnologia, na arte de bem construir automóveis confortáveis e evoluídos, de saber evoluir tecnologias que a marca já utilizou no passado, o que conjugado com o nível de atenção aos detalhes, uma aposta no design, na utilização de materiais de qualidade e sobretudo no equilíbrio generalizado do modelo torna o DS7 mais um concorrente do segmento premium.

Preço: desde os 50.000€ até aos 76.000€ da versão ensaiada.

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