Enquanto reina a discórdia na OPEP, o mercado do Petróleo pode entrar numa onda de instabilidade, alerta a Agência Internacional de Energia

A Agência Internacional de Energia (AIE) publicou mais um relatório mensal, onde alertou para o facto de o mercado petrolífero poder entrar numa nova onda de volatilidade dos preços, tendo em conta a discórdia que reina na OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo).

“É provável que os mercados de petróleo continuem numa onda de variação dos preços, até que a OPEP apresente uma política de produção mais clara”, defende a AIE. “A volatilidade é um perigo. Sem ela, as transições energéticas não podem ser nem ordenadas, nem seguras. Este fenómeno prejudica tanto os produtores, como os consumidores”, sublinhou a agência.

A AIE  anunciou ainda que espera que a procura global por petróleo aumente 5,4 milhões de barris por dia só durante este ano e mais três milhões de barris em 2022, mantendo assim a previsão assinalada no mês passado, referente ao futuro deste mercado, nos próximos anos.

Hoje de manhã, o mercado de Nova Iorque acordou a negociar os contratos futuros sobre o petróleo Brent nos  75,57 dólares (63,77euros) o barril. Desde o início do ano, os preços do petróleo subiram cerca de 45%, de acordo com a Bloomberg.

Os longos dias de conversações entre os Estados membros da OPEP, durante a primeira semana deste mês, não foram suficientes para resolver a disputa diplomática entre a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos.  De acordo com o comunicado assinado pelo secretário-geral da OPEP, Mohammad Barkindo, nem sequer foi marcada uma data para uma nova reunião.

A Arábia Saudita insiste na ideia, apoiada por outros membros da OPEP, incluindo a Rússia, de que o grupo deve aumentar a produção nos próximos meses, mas que também deve estender o acordo comercial até o final de 2022 sem alterações ao texto assinado, por uma questão “de estabilidade do mercado”.

“Temos que estender”, disse o ministro da Energia e príncipe saudita, Abdulaziz bin Salman, em entrevista à Bloomberg Television . “O atual texto do acordo coloca muitas pessoas extremamente mais confortáveis, é importante para o mercado”, acrescentou.

“Abu Dhabi está isolada dentro da OPEP. É um país contra um grupo”, concluiu o Governante.

“Os Emirados Árabes Unidos pedem um aumento da produção, uma medida que o mercado exige”, disse Al-Mazrouei à Bloomberg Television. “No entanto, a decisão de prorrogar o acordo até o final de 2022 é desnecessária”, afirmou o ministro.

No ano passado, o desentendimento entre a Rússia e a Arábia Saudita fez disparar uma guerra de preços. Os especialistas temem que o cenário se repita este ano, desencadeando um verdadeiro free-for-all (em português “vale tudo”).

No centro da disputa sobre este acordo está no facto de o atual pacto entre os Estados produtores calcular os cortes ou o aumento da linha de produção, mediante a “linha de base” de cada país. Quanto maior for o número da “linha de base”, mais  petróleo poderá ser produzido por cada membro da OPEP.

Os Emirados Árabes Unidos dizem que o seu nível atual, fixado em cerca de 3,2 milhões de barris por dia, é muito baixo, pelo que apela para que o acordo seja revisto, para que possa ser colocada uma nova linha de 3,8 milhões.

A Arábia Saudita e a Rússia rejeitaram a nova base de cálculo pedida pelos Emirados Árabes Unido, com medo de que todos os outros membros OPEP peçam o mesmo, criando uma discussão diplomática de várias frentes.

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