Egipto está a atacar associações ambientalistas, a dois meses de ser palco da conferência mundial sobre o clima, denuncia ONG

A organização não-governamental (ONG) ‘Human Rights Watch’ denuncia que o Egipto está a criar cada vez mais obstáculos à atuação de associações ambientalistas no país, numa altura em que se prepara para acolher a 27.ª conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP27).

Num relatório divulgado esta segunda-feira, a ‘Human Rights Watch’ aponta que o governo egípcio está a impor “obstáculos arbitrários ao financiamento, investigação e registo que têm vindo a debilitar grupos ambientalistas locais, empurrando alguns ativistas para o exílio”.

“Estas restrições violam os direitos de reunião e associação e ameaças a capacidade do Egipto para concretizar os seus compromissos ambientais e climáticos”, alerta a organização.

A COP27 levará representantes de quase 200 países até à região de Sharm el-Sheikh, um resort na costa egípcia no Mar Vermelho, onde será discutido o estado do clima mundial e as formas para melhor proteger o planeta das ações humanas.

Denúncias feitas à organização de direitos humanos revelam que é praticamente difícil obter autorizações para realizar investigações e confessam ter receio de ser presos por entrevistarem pessoas sobre assuntos ambientais no país.

O relatório indica que os ativistas receiam abordar temas como a poluição atmosférica e o envolvimento das forças militares em “formas destrutivas” de extração de pedra em contexto de explorações mineiras.

“A Human Rights Watch descobriu que os assuntos ambientais mais sensíveis são os que apontam para falhas governamentais para proteger os direitos das pessoas de danos causados pelos interesses de empresas, incluindo questões relacionadas com a segurança da água, poluição industrial e impactes ambientais derivados do desenvolvimento imobiliário, do desenvolvimento do turismo e do agronegócio”, denuncia o relatório.

As principais associações ambientalistas no Egipto “têm sido severamente enfraquecidas pelas restrições governamentais e por um sentido de medo e incerteza”, avisa a ‘Human Rights Watch’.

Richard Pearshouse, responsável da secção de Ambiente da mesma organização, argumenta que as Nações Unidas e o Secretariado da Convenção da ONU para as Alterações Climáticas “devem pressionar o governo egípcio para garantir que os grupos ambientalistas se sentem seguros” para abordar os temas no país norte-africano.

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