É necessário um “trabalho conjunto entre Governo e empresas” para transformar o país, diz Presidente da Accenture Portugal

O atual ambiente de inflação a que assistimos pode ser considerado como um  “desequilíbrio inesperado” e descontrolado entre a oferta e a procura. Com países a atingirem taxas de inflação de dois dígitos, é necessário perceber o que se pode fazer para chegar a um equilíbrio.

Questionado pela ‘Executive Digest’ quais as perspetivas daa empresa em Portugal perante um cenário marcado por uma inflação elevada e uma guerra na Ucrânia, o Presidente da Accenture Portugal, José Gonçalves, prevê ainda desafios para este ano e fala no alinhamento de algumas medidas essenciais, partilhando a sua visão sobre um ambiente incerto e desafiante.

“Vivemos um momento sem precedentes, e Portugal, assim como a Europa e o mundo em geral, enfrenta alguns desafios importantes até ao final deste ano/início de 2023. Após termos superado a pandemia, foi visível a retoma da economia e das empresas nacionais, e logo depois, inesperadamente, surgiu a guerra na Ucrânia, que dura já há seis meses e ainda não se vislumbra um desfecho. Associados a este acontecimento, assistimos ao aumento de custos e à disrupção das cadeias de valor, além da subida da inflação, com múltiplas consequências, e criando vários desequilíbrios a nível económico em todo o mundo.

O impacto está já a ser sentido, com os bancos centrais a atuarem com subidas significativas dos juros, os aumentos nos preços dos fertilizantes, do gás natural, do petróleo e praticamente de todas as matérias-primas, estendendo o impacto a quase todos os produtos, a subida recorde de preços dos bens alimentares com grande impacto nos orçamentos familiares, e a perda do poder de compra, com as subidas salariais a não acompanharem o índice de preços de consumo.

Mais do que nunca, deve ser um desígnio nacional, um trabalho conjunto do governo e empresas, transformar Portugal num país que consiga criar e distribuir mais riqueza por cidadão, o que é possível se alinharmos algumas medidas essenciais: 1. Apostar em negócios de maior valor acrescentado, que permitam exportação de serviços e aumento dos salários médios nacionais; 2. Garantir competitividade e reduzir a burocracia de forma a atrair mais capital estrangeiro para investimento em áreas chave como inovação e tecnologia; e 3. Reforçar o talento que temos, através de uma maior qualificação, com medidas concretas de reskilling e upskilling, e atrair mais talento estrangeiro, mais uma vez garantindo uma maior estabilidade fiscal que nos torne ainda mais atrativos enquanto país para trabalhar”.