Dos automóveis aos brinquedos sexuais a crise dos chips já não é tabu: pode mesmo matar o mercado

A escassez global de chips está a afetar o mercado global desde o setor automóvel, passando pelos eletrodomésticos e materiais eletrónicos, até aos próprios brinquedos sexuais.

As primeiras vítimas desta crise foram as fábricas de automóveis, mas, hoje, até o comércio que não depende diretamente de semicondutores está a ser envolvido nesta espiral, devido ao aumento global dos preços de mercado de bens e serviços.

“A escassez de chips só vai piorar. O nosso segundo semestre vai ser péssimo, de tal modo que prevemos menos 2,5 mil milhões de dólares (2,1 mil milhões de euros) de lucro durante este período”, reconheceu o presidente-executivo da Ford, Jim Farley, citado pelo Financial Times.

Também a Volkswagen (VW), a maior empresa de automóveis da Europa, avisou esta semana que vai interromper a produção do modelo Jetta, entre 3 e 20 de maio, e a do modelo Tiguan, entre 6 e 17 de maio, numa fábrica no México, como refere o ‘The Wall Street Journal’.

O fabricante sul-coreano de servidores de dados DS&G já manifestou o seu desespero, dado que viu duplicar de 10 pra 22 semanas o tempo necessário para receber os semicondutores de que precisa. O presidente-executivo da empresa, Seo Joung-youl, já avisou  os clientes que não vai conseguir satisfazer todos os pedidos até maio.

Tal é a crise, que a Crave Inc., uma empresa de brinquedos sexuais sediada em São Francisco, nos EUA, já anunciou que vai remodelar por completo a sua gama de produtos, de forma a proteger-se contra a escassez de chips, eliminando do leque de vendas “brinquedos que sejam excessivamente dependentes de material eletrónico”, como explicou o CEO da empresa, Michael Topolovac, em entrevista ao Financial Times.

Como se tudo isto não bastasse, a Comissão Europeia anunciou há duas semanas quer reduzir a dependência da UE quanto a tecnologia estrangeira, como é o caso dos chips no que toca ao mercado automóvel, por exemplo, pelo que estabeleceu a meta de controlar 20% do mercado mundial de semicondutores até 2030, apontando assim a mira para 10% a mais do que domina hoje.

A técnica criada pelos conselheiros económicos por Ursula von der Leyen consiste em injetar mais capital em empresas de microchips, o núcleo cada vez mais escasso do comércio tecnológico mundial. Uma vez conseguido este objetivo, Bruxelas pretende, a par de Washington, isolar a economia de Pequim, como referiu na semana passada uma fonte anónima do Edifício Europa à Bloomberg.

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