Do ambiente à bioengenharia: as previsões e tendências da tecnologia em 2020

Este será o ano em que a tecnologia terá de superar vários desafios e que as empresas vão redefinir os seus valores e prioridades. Pelo menos, é esta a opinião dos mais variados especialistas. Por essa razão, deixamos-lhe aqui uma lista das tendências que vão impulsionar as empresas, pessoas e a tecnologia no ano que agora começou.

Aposta no ambiente e inclusão

A crise climática, a diversidade e inclusão e a desigualdade de rendimentos são temas na ordem do dia que podem levar as empresas a redefinir o seu conjunto de valores. Em Agosto de 2019, a Business Roundtable – uma organização que junta os CEOs das principais empresas norte-americanas – divulgou uma declaração que dava a conhecer a sua nova missão que dá prioridade a funcionários e clientes (ao invés dos accionistas) e que promete focar-se na diversidade e inclusão.

O ano passado foi igualmente marcada pela preocupação dos funcionários das grandes empresas com as implicações éticas e ecológicas do seu trabalho. Por outro lado, o movimento B Corp – empresas que procuram lucros, mas são certificadas pelos seus padrões ambientais e de impacto social – continua a crescer, provando que uma política clara de ambiente, social e de governance pode impulsionar os negócios, ao aumentar o compromisso dos funcionários e a atracção para os investidores.

Por estas razões, a tendência para 2020 é que as empresas apresentem planos para reduzir substancialmente a sua pegada ecológica e que promovam e invistam no bem-estar dos funcionários.

Lucro é crescimento

Em 2020, as empresas de tecnologia podem ter de alterar o seu foco no crescimento para o lucro ajustado (EBITDA ou lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações). Tudo porque ao longo de 2019, os mercados públicos mostraram que não estão dispostos a apostar em empresas deficitárias, ao contrário dos capitalistas de riscos. Por outro lado, a tendência é também que as empresas concentrem as suas forças nas regiões geográficas em que são bem-sucedidas em vez de se envolverem em batalhas caras em outros mercados.

Veículos eléctricos

Na indústria automóvel, uma das maiores novidades de 2019 foi o ID.3 da Volkswagen. E não lhe faltavam razões para isso: é o primeiro veículo 100% eléctrico da marca, assim como o seu hardware será a base de 15 milhões de modelos da Audi, Skoda e Seat até 2028. Por outro lado, prevê-se que a venda de veículos eléctricos aumente 35% nos primeiros nove meses de 2020, graças a apoios governamentais aos consumidores. No entanto, esta tendência pode ser incrivelmente desafiante para as empresas com a possível reeleição de Donald Trump em Novembro e com o facto de o mercado de veículos eléctricos na China (o maior do mundo) estar a desacelerar.

Fragmentação da Internet

A digitalização das economias que permitiu descentralizar os serviços e funcionários das empresas (por exemplo, serviço informáticos na Holanda a tratarem de PC em Lisboa ou os call centers britânicos localizados na Índia) pode sofrer uma reviravolta. A relação comercial tensa entre os EUA e a China e o aumento de movimentos populistas na Europa podem levar a uma fragmentação da Internet (ou Splinternet, nome pelo qual o fenómeno é conhecido). Outros factores como a crescente regulamentação de Bruxelas para protecção do utilizador e o aumento de incidentes das autoridades governamentais a pedirem acesso a dados de utilizadores pode contribuir para que tecnologia e geopolítica estejam cada vez mais interligadas.

Bioengenharia

Os últimos 20 anos foram marcados pelo desenvolvimento das tecnologias de informação e nos próximos 20 vamos assistir à junção da biologia com a engenharia até serem uma só. Os sinais de que tal vai acontecer são cada vez mais relevantes. Veja-se por exemplo o caso da imunoterapia – terapia que melhora o sistema imunitário para combater tumores malignos – que tem registados resultados bastante positivos em ensaios clínicos. Por outro lado, a biologia e a engenharia estão também a ser aplicadas noutras áreas como a alimentação para resolver problemas globais como o desperdício e a pesca excessiva. Por estas razões, devemos preparar-nos para ver nascer e florescer a bioengenharia enquanto disciplina.

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