“Disse-me que ela não gritou”: Testemunha que denunciou suspeito de matar Maddie quebra silêncio e conta confissão de Brueckner
Hegel Busching, alemão, é considerado uma das testemunhas-chave no caso em que Christian Brueckner é o principal suspeito suspeito, segundo o Ministério Público da Alemanha, do desaparecimento e morte de Maddie McCann, menina inglesa que desapareceu na Praia da Luz, no Algarve, em 2007. Agora, pela primeira vez, Busching quebra o silêncio e revela que Brueckner, de quem era amigo, confesso-lhe ter assassinado Maddie.
Busching conheceu Brueckner em Portugal, já que o suspeito e agressor sexual condenado passava várias temporadas no nosso País e até viveu temporariamente em zona próxima daquela onde Maddie desapareceu. Conta que logo em 2008 tentou denunciá-lo à Scotland Yard, mas que esta autoridade inglesa nunca o contactou de volta.
“Liguei para a Scotland Yard em 2008, para a linha direta da investigação do caso Maddie [Operação Grange, das autoridades no Reino Unido]. Disse-lhes que conhecia alguém que provavelmente estava envolvido e dei-lhes o nome. Ficaram com as minhas informações pessoais e o meu número de telefone, mas nada aconteceu. Nunca me ligaram”, relata ao Bild.
A testemunha explica que inicialmente o alemão “parecia boa pessoa”, mas o passado criminoso depressa ficou evidente, já que Brueckner “costumava entrar às escondidas nos hotéis”, pelas janelas, para levar a cabo crimes de furto.
Quando foi a casa do amigo é que percebeu a verdadeira dimensão dos alegados crimes cometidos. “Encontrei uma câmara de vídeo, uma data de filmes e uma arma”, explica.
Nos vídeos que estavam gravados, havia imagens de Brueckner a chicotear uma mulher mais velha, amarrada e com o rosto tapado. Também uma menina adolescentes, com cerca de 13 ou 14 anos, aparecia nas gravações a ser agredida da mesma forma. “Nesse dia soube que tipo de pessoa ele realmente era”, recorda Busching.
A testemunha garante que levou alguns vídeos e entregou-os a um amigo polícia que lhe disse para se “manter fora disto tudo”.
Só viria a ver Brueckner um ano depois em Granada Espanha. “Foi difícil, porque eu sabia o que ele tinha feito”, afirma Buschin.
No encontro entre os dois, num festival, a determinada altura começaram a falar sobre o desaparecimento de Maddie.
“Eu disse que não percebia como é que uma criança poderia desaparecer sem deixar quaisquer vestígios. Depois de duas ou três cervejas a mais, ele disse-me: ‘Ela não gritou'”, relata.
Buschin afirma que percebeu “imediatamente o que ele queria dizer”, referindo-se à alegada confissão feita por Brueckner.
“Pensei ‘ele sabe, ele tem alguma coisa a ver com isto’. Mas ele também percebeu que eu tinha notado. Na manhã seguinte eu procurei-o mas os vizinhos disseram-me que ele já se tinha ido embora”, indica.
O episódio aconteceu em 2008, e foi depois do ocorrido que Buschin decidiu contactar as autoridades inglesas.
Só 9 anos depois é que foi formalmente interrogado e, em 2018, foi chamado pelas autoridades alemãs para testemunhar contra Brueckner no caso em que foi condenado por violar uma idosa norte-americana no Algarve, em 2005.
“A minha teoria é que ele estava a planear um assalto que correu mal. Ele encontrou as crianças no quarto do hotel e sequestrou a Madeleine. Provavelmente não foi planeado, mas pelo que sei dele, acho que é capaz de algo assim. Acho que a sequestrou. Se a matou ou não no fim, não sei”, termina a testemunha, questionada sobre o que terá acontecido à criança inglesa.