Dia Mundial do Combate à Tuberculose: Luta contra a doença recua 12 anos com a pandemia

Doze meses de pandemia inverteram 12 anos de progresso global contra a tuberculose, pior do que o estimado antes, indica um novo relatório.

A pandemia resultou numa diminuição de quase 25% no diagnóstico e tratamento em todo o mundo, de acordo com uma pesquisa publicada na última quinta-feira por uma coligação que trabalha para acabar com esta doença.

Devido ao impacto da pandemia nos serviços de saúde, o número de pessoas diagnosticadas e tratadas para a tuberculose nos países mais afetados recuou para os níveis de 2008, diz a diretora executiva da Stop TB Partnership, Lucica Ditiu, no relatório.

“Doze anos de ganhos impressionantes na luta contra a tuberculose foram tragicamente revertidos por outra infeção respiratória virulenta”, o novo coronavírus, sublinha.

“Espero que, em 2021, apertemos o cinto e abordemos de forma inteligente, ao mesmo tempo, a tuberculose e a covid-19 como duas doenças transmitidas pelo ar com sintomas semelhantes”, acrescenta.

Dados da Índia e da África do Sul mostram que as pessoas infetadas tanto com tuberculose como com covid-19 têm três vezes mais probabilidade de morrer do que as infetadas apenas com tuberculose. Isto significa que medidas preventivas como o rastreio e os testes são essenciais para manter as taxas baixas.

Todos os anos a tuberculose infeta cerca de 10 milhões de pessoas e mata 1,5 milhões, mais do que qualquer outra doença infeciosa. Embora a covid-19 tenha ultrapassado a tuberculose, em 2020, como a causa mais comum de morte por uma doença infeciosa, a tuberculose ainda mata mais pessoas do que a covid-19 em países de baixo e médio rendimento.

OMS estima que menos 1,4 milhões de pessoas receberam cuidados contra a tuberculose em 2020

Até 1,4 milhões de pessoas não receberam cuidados de tuberculose em 2020, uma redução de 21% face ao ano anterior, de acordo com estimativas preliminares compiladas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) de mais de 80 países. Os países com as maiores lacunas relativas foram a Indonésia (-42%), África do Sul (-41%), Filipinas (-37%) e Índia (-25%).

“Durante séculos, as pessoas com tuberculose têm estado entre as mais marginalizadas e vulneráveis. A covid-19 intensificou as disparidades na capacidade de acesso aos serviços, tanto no interior de cada país como entre países. Temos agora de fazer um esforço renovado para trabalhar em conjunto a fim de assegurar que os programas de tuberculose sejam suficientemente fortes para serem eficazes durante qualquer emergência futura”, disse a diretora do Programa Global de Tuberculose da OMS, Tereza Kasaeva, numa conferência de imprensa esta segunda-feira.

As novas diretrizes da OMS sobre esta doença dizem que a chave é reforçar os sistemas de saúde. A agência mundial teme que mais de meio milhão de pessoas possam ter morrido de tuberculose até 2020 simplesmente porque não conseguiram obter um diagnóstico.

Antes do aparecimento da covid-19, a diferença entre o número estimado de pessoas que desenvolveram tuberculose em cada ano e o número anual de pessoas oficialmente diagnosticadas com tuberculose era de cerca de 3 milhões. “A pandemia exacerbou grandemente a situação”, lamenta a OMS.

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