Da maçã gala ao bacalhau: saiba quais os alimentos que mais aumentarem de preço em 2024
Más notícias para quem não prescinde de uma bela salada de tomate a acompanhar um arroz malandrinho. Entre 11 e 18 de setembro, a polpa de tomate e o tomate-chucha foram os produtos alimentares do cabaz de bens essenciais monitorizado pela DECO PROteste cujo preço mais subiu. Numa semana, o preço da embalagem de 500 gramas de polpa de tomate aumentou 19 cêntimos (mais 15%). Custava, a 18 de setembro, 1,43 euros. Já o tomate-chucha registou um aumento de 25 cêntimos o quilo (mais 13%). Para comprar um quilo desta variedade de tomate, havia que desembolsar 2,17 euros.
Ainda assim, o preço do cabaz baixou esta semana (a 18 de setembro) face à semana passada. Desceu 30 cêntimos (menos 0,13%), para os 227,3 euros. Se compararmos com o início de 2024, a 3 de janeiro esta cesta de bens essenciais custava quase 9 euros mais. Ou seja, o cabaz teve uma descida de 3,71% desde os primeiros dias do ano.
Como é calculado o preço do cabaz?
Desde janeiro de 2022 que a DECO PROteste acompanha a evolução dos preços dos bens alimentares essenciais, analisando, todas as quartas-feiras, o custo total de um cabaz, com base nos preços recolhidos no dia anterior nos principais supermercados com loja online.
Começa-se por calcular o preço médio por produto em todas as lojas online do simulador, em que se encontra disponível. Depois, somando o preço médio de todos os produtos, obtém-se o custo do cabaz para um determinado dia.
Quais os produtos que mais aumentaram?
Apesar da descida de preço do cabaz, são vários os produtos que registaram aumentos entre 11 e 18 de setembro. Nessa semana, além da polpa de tomate e do tomate-chucha, os produtos cujos preços registaram os maiores aumentos percentuais foram a maçã Gala e as ervilhas ultracongeladas (ambos com uma subida de 8%).
Já desde o início do ano, entre 3 de janeiro e 18 de setembro, as maiores subidas de preço foram as da maçã Gala (mais 15%), dos flocos de cereais (mais 14%) e do atum posta em azeite (mais 13%).
Porque aumentaram os preços dos alimentos?
A invasão da Rússia à Ucrânia, de onde eram provenientes grande parte dos cereais consumidos na União Europeia (e em Portugal) veio pressionar o setor agroalimentar, que estava há já vários meses a braços com as consequências da pandemia e da seca. A limitação da oferta de matérias-primas e o aumento dos custos de produção, nomeadamente dos fertilizantes e da energia, necessários à produção agroalimentar, refletiu-se, por isso, num incremento dos preços nos mercados internacionais e, consequentemente, nos preços ao consumidor de produtos como a carne, os hortofrutícolas, os cereais de pequeno-almoço ou o óleo vegetal em 2022.
Taxa de inflação abranda em agosto
Os consecutivos aumentos dos preços ao consumidor, nomeadamente em produtos como a alimentação, contribuíram para o aumento da taxa de inflação para níveis históricos em 2022. No entanto, nos primeiros meses de 2023, a taxa de inflação do País começou a abrandar. De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), em dezembro de 2023, a taxa de inflação caiu para 1,4 por cento. Já no arranque de 2024, voltou a aumentar. Em agosto, de acordo com o INE, voltou a descer para 1,9%, menos 0,6% face aos 2,5% de julho.
Preço do cabaz desceu 1,35 euros desde o fim do IVA zero
Para conter a subida dos preços na alimentação, a 27 de março de 2023, o Governo assinou um acordo com o retalho alimentar e o setor da produção agroalimentar que se traduziu na isenção de IVA num cabaz com mais de 40 alimentos entre 18 abril de 2023 e 4 de janeiro de 2024. A lista de produtos com IVA zero foi definida com base nas recomendações da Direção-Geral da Saúde e incluía os alimentos mais consumidos pelas famílias em Portugal.
De acordo com a DECO PROteste, desde o último dia de isenção de IVA num cabaz alimentar com 41 alimentos, a 4 de janeiro, a cesta de bens essenciais viu o seu preço descer 1,35 euros (menos 0,95%), de 141,97 euros para 140,63 euros, a 18 de setembro.
As contas da organização de defesa do consumidor revelam que o atum posta em azeite, o óleo alimentar e a maçã Gala foram os produtos que registaram as maiores subidas de preço desde que o IVA zero chegou ao fim, com aumentos de 13,51%, 13,08% e 9,52%, respetivamente.