Crise na aviação: International Airlines Group pode suspender até 19.000 postos de trabalho

O International Airlines Group (IAG) está a preparar-se para enfrentar uma crise muito mais longa e profunda do que o esperado. A terceira vaga da pandemia, que está a parar novamente o tráfego aéreo, levou o grupo a procurar mais liquidez no mercado e a continuar a reajustar os seus planos, principalmente de mão-de-obra. Neste sentido, a empresa pode suspender até 19 mil postos de trabalho.

O grupo (que resultou da fusão das companhias aéreas British Airways e Iberia) gasta cerca de 205 milhões de euros por semana e considera já ter perdido o primeiro semestre do ano. Segundo o El Economista, afirmou mais do que uma vez que tem capacidade de empreender “uma reestruturação adicional e criar uma base de custos mais flexível e variável”, se a procura continuar fraca e se a crise se agravar.

Neste momento, são registadas quedas de 65% no número de voos, numa altura em que vários países apertam as restrições para combater o aumento de casos de covid-19. As medidas, mais ou menos rigorosas, podem ser prolongadas até ao final do ano, devido a atrasos nas campanhas de vacinação, considera a empresa.

Uma das formas que o IAG tem de reduzir as despesas é cortando os custos de pessoal da British Airways. Depois de despedir cerca de 10.000 trabalhadores, a empresa chegou agora a um acordo para que 19.000 dos 28.000 trabalhadores incluíssem nos seus contratos cláusulas de despedimento temporário, o que permite à companhia aérea suspender o pessoal até seis semanas por ano sem remuneração, ou reduzir as horas de trabalho e o salário.

“A British Airways melhorou significativamente a flexibilidade para variar os custos com os funcionários, caso a procura de viagens aéreas continue baixa”, disse o grupo na apresentação dos resultados do terceiro trimestre de 2020, em que perdeu mais de 5500 milhões de euros.

A empresa britânica ainda não teve de ativar estas cláusulas porque o Governo do Reino Unido prolongou até 30 de abril a validade do regime de ajuda para pagar os salários dos trabalhadores (“The Coronavirus Job Retention Scheme”). Assim, no caso de esta ajuda não ser novamente alargada e de a procura na indústria aérea permanecer fraca, a British Airways pode aplicar ajustamentos temporários no emprego e salário.

No entanto, se a crise no setor piorar e se a recuperação for ainda mais atrasada, os ajustamentos não serão efetuados apenas na British Airways – a empresa já avisou que poderá também ajustar a mão-de-obra na companhia aérea Iberia.

“Estamos a fazer mais para reduzir a base de custos e para nos tornarmos mais valiosos no caso de uma procura mais fraca no futuro. Vamos continuar com o nosso processo de reestruturação nos diferentes operadores do grupo”, disse o CEO da IAG, Luis Gallego, durante a apresentação dos resultados do terceiro trimestre.

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