Crise alimentar global: A cada minuto que passa, uma criança é empurrada para a subnutrição severa, alerta UNICEF
A agência das Nações Unidas disse esta quinta-feira que em 15 países a situação de intensa insegurança alimentar está a piorar e insta os países mais ricos a fazerem mais, dias antes da reunião do G7 na Alemanha, que acontece entre os próximos dias 26 e 28.
Dados da UNICEF mostram que são precisos 1,2 mil milhões de dólares para impedir que cerca de oito milhões de crianças morram devido a subnutrição severa, especialmente em países como o Burkina Faso, o Chade, o Quénia, a Somália, o Sudão, o Afeganistão e o Haiti.
Entre janeiro e junho deste ano, o número de crianças a morrer de fome no mundo aumentou de 250 mil para 7,93 milhões. Contudo, a UNICEF estima que existam hoje, pelo menos, 40 milhões de crianças que não recebem os nutrientes necessários para que possam ter um crescimento e desenvolvimento minimamente saudável. Ainda, 21 milhões de crianças enfrentam severa insegurança alimentar, o que significa que não comem em quantidade suficiente, colocando-as no limiar da fome.
“Devido à crise alimentar mundial, a cada minuto que passa uma criança é empurrada para a subnutrição severa fatal”, denuncia a agência.
A crise alimentar mundial tem vindo a agudizar-se nos últimos meses, muito devido à guerra na Ucrânia, que fez disparar os preços de várias matérias-primas, como cereais, usados na produção de bens alimentares essenciais que são usados para apoiar populações em situação de insegurança alimentar.
Desde o início do ano, “a escala da crise alimentar mundial forçou mais 260 mil crianças – ou uma criança a cada 60 segundos – a entrarem em situação de subnutrição severa” em 15 países, desde o Corno de África ao Sahel Central.
A par da guerra na Ucrânia, que gerou fortes constrangimentos ao nível dos fluxos de abastecimento de uma variedade de cereais que são a base da alimentação de várias populações mais pobres, também as secas geradas pelo aquecimento global em vários países, onde também se verificam conflitos entre grupos armados, estão a privar as populações de fontes de comida vitais, agravando, a cada dia que passa, o risco de fome e as mortes por desnutrição.
“Vemos agora o barril de pólvora das condições para níveis extremos de subnutrição infantil a começar a pegar fogo”, alerta a Diretora-Executiva da UNICEF, Catherine Russell, em comunicado. A responsável acrescenta que “é crítica a ajuda alimentar, mas não podemos salvar crianças famintas com sacos de trigo”, explicando que são essenciais “tratamentos terapêuticos antes que seja demasiado tarde”.