Crédito à habitação: Com nova ‘moratória’ do Governo, quem aderir pode ficar a dever mais ao fim dos dois anos de apoio do que agora, alerta João Duque

A nova medida que o Governo aprovará esta quinta-feira em reunião do Conselho de Ministros, e que será anunciada logo depois no briefing à comunicação social, irá dar um alívio aos orçamentos familiares, permitindo “a redução e estabilização por dois anos” da prestação a pagar aos bancos pelo crédito à habitação, poderá significa que, findo o período do apoio, as famílias fiquem a dever mais do que o que devem atualmente.

O alerta parte do economista João Duque que, em declarações à SIC, explica que a medida do Executivo não vai permitir poupança, e que no final do período do apoio, a dívida que as famílias têm ao baco poderá mesmo aumentar, face ao que atualmente têm.

“As famílias não vão pagar agora tanto em juros, e com alguma amortização, mas vão ter de capitalizar, ou seja, vão ter de juntar os juros que não pagam agora à divida que tinham atrás”, começa por clarificar o especialista.

João Duque continua a pintar o cenário que se verificará: “Portanto, daqui a dois anos, vão fazer-se novas contas para, nessa altura, e esperando que as taxas estejam mais baixas, fazer diluir o que não se pagou agora ao longo do período de dívida do empréstimo”.

Segundo o que já se sabe, apoio levará a uma redução de perto de 30% dos juros suportados durante dois anos.

Mas ao fim desse tempo, o ‘desconto’ verificado terá de ser pago à mesma aos bancos.

“É possível que aconteça que, no final dos dois anos, se formos fazer as contas, e compararmos com o momento de hoje, quem recorrer a esta medida, quando comparar as dívidas que tem, verificará que deve mais na altura do que deve agora”, sublinha João Duque.

“A atual crise inflacionista e os sucessivos aumentos das taxas de juro exigiram medidas de natureza conjuntural para apoiar as famílias”, apontou António Costa quando levantou o véu à medida, reforçando que “para as famílias que têm crédito à habitação reintroduzimos a bonificação dos juros e vamos agora melhorar para alargar o universo de beneficiários”.

Está previsto o alargamento dos apoios existentes e estabilização das taxas de juro nos contratos de crédito à habitação num período de dois anos, sendo que também o Executivo de Costa deverá aprovar uma clarificação dos critérios de atribuição do apoio à renda, olhando à tipologia de rendimentos considerados para o calculo do apoio.

A adesão à ‘moratória’ será voluntária, e este apoio decorreu de negociação entre Governo e a banca.

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