Covid-19: quase 400 pessoas morreram em casa com a doença desde o início da pandemia

Quase quatro centenas de doentes com covid-19 morreram em casa até ao dia 18 de janeiro, de acordo com dados fornecidos pela Direção-Geral da Saúde (DGS) ao Jornal de Notícias (JN). Cerca de 525 pacientes infetados morreram em outros locais, como lares de idosos. Ainda assim, a grande maioria dos óbitos, quase 90% do total, foi registada em instituições de saúde.

Segundo o JN, a DGS não esclareceu as circunstâncias dos 397 óbitos que ocorreram no domicílio. Este número representa 4,3% do total de 9246 mortes causadas pela doença até 18 de janeiro.

“É muito importante saber se tiveram algum apoio médico, se estavam esquecidos, ou se o diagnóstico foi feito apenas no certificado de óbito”, afirmou o pneumologista João Carlos Winck, professor na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), em declarações ao JN.

“É importante saber se estiveram sinalizados e foram acompanhados nos cuidados de saúde primários, se são doentes propostos para tratamento no domicílio mas que acabam por não ser acompanhados, se eram pessoas de idade avançada ou doentes com várias comorbilidades [presença de outras doenças], se não estavam diagnosticados, se viviam sós, se recusaram o transporte para o hospital”, acrescentou.

Nos lares de idosos, a percentagem de óbitos é de 5,7%, segundo dados da DGS. É uma situação que preocupa João Carlos Winck: “Seriam situações extremas? Não puderam ser transferidos? Puderam fazer as terapias mínimas?”, questiona. Neste sentido, defende que “é preciso investigar” o que aconteceu, devido à falta de dados.