Múltiplos ataques a políticos alemães levantam receios e memórias do passado nazi do país

Uma série de ataques violentos contra políticos na Alemanha, incluindo um brutal ataque a um membro do Parlamento Europeu em Dresden, está a gerar preocupações e debates em todo o país. A um mês das eleições europeias, pelo menos quatro episódios de violência contra políticos, alegadamente por membros da extrema-direita, está a trazer memórias do passado nazi na Alemanha.

Primeiro foi Matthias Ecke, político do Partido Social-Democrata (SPD), que foi agredido enquanto pendurava cartazes de campanha. Um grupo de jovens espancou-o e deixou-o hospitalizado com fraturas graves. Seguiu-se em Dresden, na mesma noite, uma agressão a um elemento dos Veres, que foi esmurrado, atirado ao chão e pontapeado.

Yvonne Mosler, candidata dos Verdes às europeias, estava a colocar cartazes esta terça-feira quando foi abordada por um grupo, empurrada, os cartazes arrancados e os agressores cuspiram-lhe em cima. A ex-autarca de Berlim, Franziska Giffey foi outra vítima, sendo atacada por um homem uma biblioteca pública.

A reação a estes ataques tem sido intensa, com Hendrik Wüst, responsável conservador da região Renânia do Norte-Vestefália, descrevendo os recentes eventos como “reminiscentes do capítulo mais sombrio da história alemã”, em referência ao período nazi.

Além disso, a ministra do Interior da Alemanha, Nancy Faeser, manifestou preocupação com o aumento da “violência antidemocrática” e convocou uma reunião de emergência com ministros de diferentes estados para discutir medidas para enfrentar o problema.

A escalada da violência política não é um fenômeno isolado na Alemanha. Nos últimos anos, o país testemunhou um aumento nos crimes políticos, incluindo ataques violentos. Os dados mostram que, em 2022, houve 58.916 crimes políticos registrados no país, o maior número desde 2001, dos quais 4.043 envolveram violência direta. Este aumento tem levantado preocupações sobre o clima político cada vez mais tenso e polarizado na Alemanha.

Um ponto de viragem sombrio na história recente da Alemanha foi o assassinato de Walter Lübcke, político do partido CDU que defendia a política de refugiados de Angela Merkel, por um extremista de direita em 2019. Este incidente marcou a primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial que um político foi assassinado por um extremista de direita na Alemanha, e levou a uma reavaliação do espectro político do país.

Além disto, a retórica política inflamatória e divisiva tem sido apontada como uma das causas do aumento da violência política na Alemanha. Muitos políticos responsabilizam o partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) e outras vozes da extrema-direita por contribuírem para a polarização e a violência política com sua retórica incendiária.

No entanto, é importante notar que a violência política na Alemanha não é exclusiva da extrema-direita. Representantes de diferentes afiliações políticas têm sido alvos de ataques violentos, demonstrando a amplitude do problema e a necessidade de uma resposta abrangente.

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