Covid-19: “Incidência elevada” na última semana pode ditar “inversão da tendência decrescente”, alertam autoridades de saúde
Na semana de 23 a 29 de agosto, foram confirmados 18.467 novos casos a nível nacional, menos 750 do que na semana anterior, ou seja, uma diminuição de 4%, revela relatório da Direção-Geral da Saúde (DGS).
Também o número de hospitalizações diminui de 499 para 470 nessa semana, sendo que os internamentos em Unidades de Cuidados Intensivos caíram de 39 para 36. Contudo, o número de mortes aumentou 13% nesse período, com 44 óbitos, mais 5 do que na semana anterior.
“A epidemia de Covid-19 manteve uma incidência elevada, com possível inversão da tendência decrescente observada nas últimas semanas”, é uma das principais conclusões do mais recente ‘Relatório de Monitorização da Situação Epidemiológica da Covid-19’, da DGS e do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), divulgado esta semana.
Os especialistas indicam que os números de internamentos e de mortes apresentaram “uma tendência estável”, ao invés do decréscimo mais marcado que vinha a ser registado nas últimas semanas, e aconselham, por isso, a que se mantenham “as medidas de proteção individual, a vacinação de reforço e a comunicação frequente destas medidas à população”. Estas recomendações chegam dias após o Governo ter decretado que o uso de máscara em transportes públicos já não é obrigatório.
Nessa mesma semana, o número total de novos casos de infeção foi de 179 por 100 mil habitantes, o que evidencia uma tendência de estabilidade a nível nacional. A análise aponta que a “maioria das regiões de saúde apresenta uma inversão da tendência decrescente observada nas últimas semanas”, pelo que se poderão espera aumentos nos números de novos casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2).
Nesse cenário, o índice de transmissibilidade do vírus, o R(t), atingiu os 1,02 em praticamente todo o país, “o que indica uma tendência crescente de novos casos”, indicam os especialistas.
De recordar que esta sexta-feira, a Diretora-Geral da Saúde, Graça Freitas, anunciou que no dia 7 de setembro arranca a campanha sazonal de vacinação contra a Covid-19 e contra gripe. A responsável alertou que, apesar de Portugal encontrar-se “numa situação epidemiológica considera estável” e de termos “uma elevada cobertura vacinal”, “no outono e no inverno, estão criadas as condições ambientais propícias ao aumento da transmissão dos vírus respiratórios”.
A campanha de vacinação sazonal contra a Covid-19 abrangerá pessoas com 60 ou mais anos de idade; residentes e profissionais em lares e da rede nacional de cuidados continuados; pessoas com 12 ou mais ano de idade com patologias de risco; grávidas com 18 ou mais anos de idade com patologias; e profissionais de saúde e outros prestadores de cuidados.
No que toca à campanha de vacinação gratuita contra a gripe, a DGS indica que serão abrangidas as pessoas com 65 anos ou mais; pessoas com mais de seis meses com patologias de risco; pessoas que residam em lares ou na rede nacional de cuidados continuados; as grávidas de qualquer idade; e os profissionais de saúde e outros prestadores de cuidados.
“A vacina sazonal contra a Covid-19 e contra a gripe está recomendada em co-administração”, diz Graça Freitas, o que significa que ambas as vacinas poderão ser recebidas no mesmo momento, caso a pessoa assim queira, “uma no braço esquerdo e outra no braço direto”, explica.
A Diretor-Geral da Saúde revela que nesta campanha serão já utilizadas as vacinas adaptadas contra a Covid-19 e contra a variante Ómicron, que foram aprovadas ontem pela Agência Europeia do Medicamento, “dado que estas vacinas têm um perfil de eficácia e de segurança adaptado às atuais variantes de SARS-CoV-2 em circulação”.
As pessoas que ainda não receberam qualquer dose de vacina contra a Covid-19 só poderão receber doses das vacinas originais, ou seja, não receberão as novas vacinas adaptadas à Ómicron, de acordo com as indicações divulgadas hoje pelo regulador europeu.
Quanto à gripe, os mais vulneráveis receberão, pela primeira vez, uma vacina “de dose elevada, com uma composição antigénica quatro vezes superior à fórmula padrão, o que lhe confere uma eficácia superior”, revela Graça Freitas.
A vacina sazonal contra a Covid-19 será administrada com pelo menos três meses de intervalo da última dose recebida ou da última infeção. A responsável explica que basta ter as duas primeiras doses da vacina contra a Covid-19 para poder receber o reforço sazonal.
As pessoas deverão aguardar pela convocatória do Serviço Nacional de Saúde (SNS) para poderem receber as vacinas sazonais de Covid-19 e da gripe.
A campanha decorrerá em todo o país, em centros de saúde e em centros de vacinação, estando previstos pelo menos 397 pontos de vacinação, sendo que haverá também vacinação nos lares e na rede nacional de cuidados continuados.