Covid-19: Economia terá crescido 5% em cadeia no 2.º trimestre, segundo o estudo da Católica
A economia portuguesa terá crescido no segundo trimestre 5% em cadeia e 15,5% face ao mesmo período de 2020, segundo a Universidade Católica de Lisboa, que reviu em “forte alta”, para 3,5%, a previsão de crescimento em 2021.
“No segundo trimestre de 2021 a economia deverá ter crescido 5% em cadeia ou 15,5% em termos homólogos, dado que os dois trimestres base para este cálculo foram aqueles em que os confinamentos foram mais severos”, lê-se num comunicado divulgado hoje pelo NECEP – Forecasting Lab da Universidade Católica de Lisboa.
“Desta forma – acrescenta – a economia portuguesa deverá estar a operar a cerca de 95,5% do nível do quarto trimestre de 2019, o último sem efeitos da pandemia e dos confinamentos, pelo que o período findo terá sido o melhor trimestre pós-covid em termos de atividade económica”.
Notando que “o primeiro semestre termina com sinais de maiores restrições à atividade económica oriundas do Governo, como forma de dar resposta ao aumento do número de casos de covid reportados diariamente pela DGS [Direção-Geral de Saúde]”, a Católica prevê que “o resto do ano deverá ser influenciado pelo efeito combinado da intensidade dessas restrições e da recuperação do turismo”.
Para a totalidade do ano 2021, os economistas da instituição traçam agora um “cenário central de crescimento de 3,5%, uma revisão de +2,5 pontos percentuais que colocaria a economia portuguesa a operar a cerca de 95,7% do nível de 2019”.
Segundo salientam, “trata-se de uma revisão em forte alta que é explicada, por um lado, pela queda amortecida do primeiro trimestre e, por outro lado, pelo ressalto estimado para o segundo trimestre”.
A Católica de Lisboa ressalva, no entanto, que “a incerteza é ainda elevada, pelo que o crescimento este ano poderá vir a oscilar entre 2% e 5% em função da intensidade das limitações à atividade económica e da dimensão do apoio orçamental às empresas e famílias”.
“Em todo o caso, o intervalo de previsão para 2021 tem agora uma amplitude de três pontos percentuais, em vez dos anteriores seis pontos percentuais, sendo também de assinalar uma subida de quatro pontos percentuais no seu limite inferior, de -2% para +2%”, refere.
Já o limite superior passou de 4% para 5%, “por via de fatores que podem amplificar o crescimento este ano, como a ‘reserva de consumo’ implícita na elevada taxa de poupança das famílias que voltou a aumentar no primeiro trimestre”.
“Em traços gerais, a evolução da economia e do desemprego continuará a ser muito influenciada pelas políticas sanitárias e orçamentais heterodoxas, o que cria riscos invulgarmente elevados para o défice orçamental, não sendo de descartar a necessidade de um orçamento retificativo ainda este ano”, sustenta o Forecasting Lab da Católica.
Segundo o organismo, “subsistem ainda os riscos relacionados com o fim das moratórias, o seu potencial impacto nas necessidades de capital do sistema financeiro e, em última instância, nas contas públicas”.
Também para os anos 2022 e 2023 a Católica considera que “a incerteza continua muito elevada”, mas diz que “parece ser agora mais provável que se atinja em 2022 um nível de atividade económica semelhante ao de 2019”, caso se verifique a ausência de medidas de confinamento e a normalização da fileira do turismo.
Para 2022, o cenário central da universidade mantém um crescimento de 4,5% da economia portuguesa, “que refletirá ainda um efeito base assinalável devido ao primeiro trimestre deste ano”.
Já para 2023, “o cenário central é agora de um crescimento de apenas 2,0% tendo em conta a recuperação dos patamares pré-crise já no próximo ano e um previsível regresso a medidas de consolidação orçamental como forma de reduzir a dívida pública para níveis sustentáveis a partir desse ano”.
O NECEP prevê que também a economia da zona euro deverá recuperar até 2023, “talvez mais depressa do que em Portugal e caso a situação sanitária não implique novos confinamentos, o que poderá contribuir para uma mais rápida normalização da política monetária na zona euro e do regresso gradual das regras orçamentais da União Europeia em 2022 e 2023”.
E, nota, “estando Portugal integrado na zona euro, a respetiva recuperação poderá ajudar as exportações de bens, compensando parcialmente as perdas oriundas do turismo e das demais atividades de serviços transacionáveis”.