Covid-19 ainda mata (pelo menos…) uma pessoa a cada 4 minutos a nível mundial

Há pelo menos uma pessoa a cada 4 minutos a nível global que morre devido à Covid-19, apesar a emergência global da pandemia ter sido oficialmente encerrada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Sobram questões sobre como lidar com um vírus que coloca em risco pessoas vulneráveis e países subvacinados.

Uma das perguntas, segundo relatou esta quarta-feira a ‘Bloomberg’, é como lidar com um vírus que se tornou menos ameaçador para a maioria mas continua extremamente perigoso para uma fatia da população mundial, um grupo muito maior do que o imaginado: a Covid-19 foi a terceira maior causa de morte nos Estados Unidos em 2022, atrás das doenças cardíacas e o cancro.

“O desejo geral no mundo é deixar a Covid-19 para trás. Mas não podemos enfiar a cabeça na areia”, sublinhou Ziyad Al-Aly, diretor do Centro de Epidemiologia Clínica do ‘Veterans Affairs St. Louis Health Care System’, no Missouri. “A Covid-19 ainda infeta e mata muita gente. Temos os meios para reduzir esse fardo.”

Apesar do relaxamento da maior parte dos Governos mundiais nas medidas de contenção a pandemia, o vírus continua a evoluir, deixando os idosos e portadores de doenças pré-existentes à mercê da sorte. Faltou um plano global de longo prazo para proteger os vulneráveis e manter um ressurgimento sob controlo. Mesmo em países desenvolvidos, onde a vacina chegou de forma rápida, houve muitas pessoas que se recusaram a tomá-la: a falta de imunização levou a mais de 300 mil mortes excessivas nos Estados Unidos em 2021.

“Sabemos que politizar a saúde pública é uma das tragédias da pandemia”, revelou Al-Aly. “Os líderes políticos alavancaram as suas respostas não apenas para promover a saúde pública, mas também para promover a sua própria narrativa e angariar apoio para si mesmos.”

Outro sinal de alarme também cresceu quando diminuiu o investimento em vacinas e terapias – há grupos farmacêuticos, como a Moderna ou Pfizer, que estão a atualizar as suas vacinas para as tornar mais fáceis de fabricar e armazenar, sendo que centenas de novas abordagens caíram no esquecimento.

Depois há o ‘Covid longo’, que afeta cerca de 10% das pessoas infetadas, e é considerado um dos maiores desafios médicos pós-pandemia, com custos económicos significativos. Nos Estados Unidos, o efeito do ‘Covid longo’ terá custado cerca de 50 mil milhões de dólares por ano em salários perdidos no final de 2022. No Reino Unido, um estudo apontou que no ano passado cerca de uma em cada 10 pessoas com ‘Covid longo’ teve de parar de trabalhar.

Mas há um lado positivo: o mundo agora tem vacinas e melhores tratamentos. Existem outras melhorias que podem ajudar, desde testes de ventilação à qualidade do ar até melhores máscaras. É preciso haver mais investimentos em sistemas de vigilância para que as ameaças possam ser detetadas com antecedência, alertaram os especialistas. “Mesmo que os Governos estejam cansados, temos que enfrentar a realidade de que o vírus ainda está a evoluir”, alertou um especialista.

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