Clima: Reduzir o consumo de carne para dois hambúrgueres por semana pode salvar o planeta, diz estudo

O consumo de carne em todos os países desenvolvidos deveria ser reduzido para apenas dois hambúrgueres (por pessoa) por semana, e os transportes públicos deveriam ser desenvolvidos para se expandirem a uma velocidade seis vezes mais rápida do que atualmente, isto para garantir que o planeta Terra evita as consequências mais devastadoras da crise climática global, sugere um novo estudo.

Segundo o relatório Estado da Ação Climática 2022 (State of Climate Action 2022), elaborado pelo laboratório Systems Change Lab, para salvar o nosso globo também as taxas de deflorestação têm de ser reduzidas rapidamente (uma redução anual equivalente a toda a terra cultivável na Suíça), assim como o fim da produção de energia a partir do carvão deve ser seis vezes mais rápido (eliminar 925 centrais a carvão de tamanho médio, todos os anos).

Apontam os autores do relatório que indústrias como a do cimento e do aço não estão a cortar as emissões de dióxido de carbono a uma velocidade ideal, e que o crescimento rápido de energias renováveis e da utilização de veículos energéticos deve manter-se.

O documento examinou o progresso feito em 40 indicadores diferentes, que são as principais referências para cortar pela metade as emissões de gases com efeitos de estufa, em todo o mundo, até 2030, com o objetivo de garantir um aumento máximo das subidas de temperaturas em 1.5ºC, acima dos níveis pré-industriais.

O cenário é pouco animador: mais de metade dos indicadores estudados estão fora do que seria expectável para garantir os objetivos de travagem das alterações climáticas, enquanto cinco indicadores estão mesmo a ir na direção oposta à esperada.

Entre os indicadores que requerem maior preocupação, apontam os especialistas, está o uso de gás, que está a aumentar rapidamente ao longo do tempo, isto numa altura em que deveria ser verificada uma redução do consumo a favor das energias renováveis. Também na produção de aço, denuncia o relatório, as tecnologias para redução de emissões de CO2 não estão a ser adotadas à velocidade ideal. São também outros indicadores no ‘vermelho’: demasiado uso de carros, a taxa de perda de florestas de mangue, e as emissões de gases feitas pela indústria agrícola e agropecuária.

Daí que uma das recomendações seja que todos os habitantes da Europa, Américas e Oceânia sejam aconselhados reduzir o consumo de carne por pessoa para dois hambúrgueres a cada semana.

Ani Dasgupta, chefe-executivo do World Resources Institute, uma das instituições responsáveis pelo relatório, chama a atenção para os eventos meteorológicos extremos verificados este ano, como tornados, tempestades tropicais, vagas de calor abrasador, cheias devastadoras e incêndios destruidores.

“O mundo viu a destruição resultante de apenas 1.1ºC de aumento da temperatura. Cada fração de um grau de temperatura importa na luta para proteger as pessoas e o planeta. O que estamos a ver são avanços importantes na luta contra as alterações climáticas, mas ainda não estamos a vencer em nenhum aspeto”, lamenta Dasgupta.

A análise conclui que é necessário acelerar o investimento para mudar a economia global para que tenha uma pegada de carbono mais baixa: Eram necessários perto de 500 mil milhões de euros, todos os anos, durante a próxima década, assim como outros fundos acessórios, bem como uma vontade e ação dos governos de todo o mundo em travar os combustíveis fósseis.

O relatório vai ser analisado ao detalhe e todos os resultados apresentados da cimeira do clima Cop27, da ONU, que começa no Egito, já em novembro.

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