Cinco lições que podemos tirar dos países que conseguiram controlar a pandemia

Há países que têm lidado melhor com a pandemia do que outros e que, por isso, conseguiram controlar a situação epidemiológica e evitar a rutura dos cuidados de saúde, prejudicando também menos as economias.

De acordo com a BBC, há essencialmente cinco lições que podemos tirar com essas nações que conseguiram gerir bem e combater eficazmente a pandemia, que já provocou mais de 124 milhões de casos e 2,7 milhões de mortes em todo o mundo.

Lição 1: Preparação

Para a Coreia do Sul, “a história repete-se”. Não é a primeira vez que o país é afetado por uma pandemia e, como tal, lembra-se da devastação e do medo que o surto de Mers trouxe à Ásia Oriental em 2015.

Essa experiência de aprendizagem levou o governo a assumir 48 reformas para reforçar a preparação e resposta a emergências de saúde pública.

Assim, quando a covid-19 chegou, o país conseguiu baixar rapidamente a curva epidémica, sem ter de fechar empresas ou implementar restrições mais rigorosas que obrigam as pessoas a ficar em casa.

“Desde o início, pusemos em prática medidas de prevenção minuciosas para impedir que o mesmo voltasse a acontecer – a história repete-se”, disse o primeiro-ministro do país, Chung Sye-kyun.

Lição 2: Testar, seguir e rastrear

Muitos países no leste da Ásia começaram logo a realizar testes à covid-19 e rastreio de contactos, para evitar que o novo coronavírus se espalhasse descontroladamente pela população.

Na Coreia do Sul, hospitais como Yangji, no distrito de Gwan-Ak, em Seul, foram designados para tratar doentes covid, desde os testes ao tratamento.

O primeiro-ministro do país assumiu pessoalmente o controlo sobre a situação antes mesmo de o país ter um caso confirmado da doença. Deu prioridade à testagem, despistagem e rastreio.

“Ao aplicar essa estratégia, alcançamos um resultado bom e significativo”, disse Sye-kyun. O número de mortos na Coreia do Sul é de 1693. O país tem 52 milhões de habitantes.

Lição 3: Apoio durante a quarentena

Na Índia, o estado de Querala tem 30 mil ativistas de saúde social acreditados, conhecidos como os trabalhadores da Asha. Asseguram que todos os que precisam de se autoisolarem o fazem.

Os voluntários vão às compras, às farmácias e tratam de tudo o que for preciso para evitar que as pessoas infetadas cumprem a quarentena e não saiam de casa.

Além disso, há cozinhas comunitárias que fornecem até 600 refeições gratuitas diárias às pessoas em isolamento em casa ou no hospital. Também têm sido oferecidos serviços de saúde mental desde o início da pandemia.

A ministra da saúde deste estado indiano, KK Shailaja, aprendeu lições importantes ao lidar com o mortal vírus Nipah, há três anos, e aplicou essas lições no combate à covid-19.

Lição 4: Proteger os idosos

Os lares podem ser grandes, e graves, focos de contágio. Consciente desse problema, a governadora alemã Lisa Federle começou, logo em abril, a testar os lares na antiga cidade de Tübingen, no estado alemão de Baden Württemberg.

Isso manteve o vírus afastado e permitiu as visitas aos lares. O presidente da Câmara, Boris Palmer, pensou que era preciso “construir um escudo especial de proteção para as pessoas que correm os maiores riscos”, incluindo os idosos.

Para isso, utilizou o orçamento local para dar prioridade aos cuidados e apoio à população idosa da cidade, incluindo um serviço de táxi subsidiado, máscaras gratuitas entregues em lares e horários.

Com estas medidas, o Hospital Universitário da cidade recebeu menos doentes covid e não teve de cancelar outros procedimentos médicos.

Lição 5: Estratégia de vacinação

Israel é o país que, até agora, inoculou completamente mais de metade da sua população e, por isso, tem sido amplamente elogiado. Bem mais atrás está o Reino Unido, onde mais de 26 milhões de pessoas receberam, pelo menos, uma dose da vacina.

No entanto, o Reino Unido também tem tido sucesso com a sua estratégia de vacinação, que se deve a um grande esforço de planeamento. O Departamento de Saúde e Assistência Social começou a planear um programa de vacinação em massa antes mesmo de haver confirmação do primeiro caso no Reino Unido.

No verão, o governo britânico assinou um contrato para a compra de 100 milhões de doses da vacina AstraZeneca/ Oxford e 30 milhões de doses da vacina Pfizer/ BioNTech.

As compras de vacinas no Reino Unido foram feitas três meses antes dos da União Europeia. É, por isso, uma história diferente na UE, onde o planeamento começou mais tarde e o lançamento tem sido lento. Apenas 8% das pessoas na UE receberam até agora uma vacina, em comparação com 36% no Reino Unido.

Em resumo, as cinco áreas-chave passam por:

  • Ação precoce e eficaz para controlar as fronteiras e monitorização das chegadas;
  • Testes, seguimento e rastreio de todas as pessoas suspeitas de estarem infetadas;
  • Apoio social para quem está em quarentena, para conter o vírus;
  • Aposta na proteção dos mais frágeis e idosos;
  • Liderança eficaz e planos de vacinação robustos e eficientes.
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