Cinco ideias para vitalizar a economia portuguesa

Por Ricardo Parreira, CEO PHC Software

Se a recuperação económica tivesse banda sonora certamente seria ao som de “The Show Must Go On” dos lendários Queen. Porque, apesar de todas as dificuldades, a recuperação dá-se através da manutenção da atividade económica. As empresas têm de continuar a funcionar, a criar valor e a dar aos clientes as soluções para as suas necessidades. E este funcionamento passa por cinco aspetos fulcrais.

Primeiro, as empresas necessitam de manter o seu know-how, força de trabalho e de criação de valor, o que implica evitar despedimentos. Só assim estarão na sua máxima forma para aproveitar todas as oportunidades da retoma. Se a economia portuguesa necessitar de “aquecer o motor”, quando a retoma chegar, perderá o comboio da recuperação para todas as empresas que estejam preparadas para responder ao mercado, seja por aceitarem mais encomendas em menos tempo, seja por terem o conhecimento cimentado internamente, ou simplesmente porque evitarão a tentação de cortes para poupar no curto prazo, mas que acabarão por ter uma fatura mais tarde.

Depois, é fundamental adaptar os negócios mais tradicionais à nova realidade do mercado. Durante o período de confinamento, o mundo das entregas ao domicílio e dos conteúdos digitais ganhou maior relevância. O show de Bruno Nogueira no Instagram bateu recordes de audiência, demonstrando que existe espaço para a cultura à distância. Negócios de subscrição de fruta e legumes com entrega em casa transformaram a experiência de ir à mercearia num Netflix gastronómico. A Uber deixou de se dedicar exclusivamente transporte de passageiros, e passou a ser sinónimo de uma refeição à escolha em casa, com alguns restaurantes a encontrarem um verdadeiro blue ocean, uma vez que, o seu negócio tradicional se encontrava fechado temporariamente. É necessário estudar, conhecer e aprofundar os bons exemplos e casos de sucesso dos novos modelos de negócio, alavancados por software, e que trazem oportunidades para os negócios mais tradicionais.

Um terceiro ponto fundamental para pensar a retoma passa por adaptar as empresas aos novos modelos de trabalho. Falo, obviamente, do modelo híbrido que permite o trabalho de foco em casa e tempo para cultura e criatividade no escritório. Para garantir a sua competitividade, as empresas necessitarão de ter o seu talento com a maior capacidade de entrega, implementando políticas que permitem que o trabalho a partir de casa seja dedicado a tarefas do chamado deep work, enquanto o escritório assumirá o novo papel de espaço de criatividade.

Nesta sequência, um novo aspeto importante passa pela mudança da mentalidade sobre a produtividade. Temos de evoluir para uma gestão por entrega e por objetivos. Isso levanta imensas questões sobre como é que avaliamos o trabalho, já que não basta quantificar o tempo que se passa a trabalhar ou fazê-lo pela observação. Qualquer tentativa de micro-gestão cria uma asfixia emocional neste novo modelo de trabalho. É necessário dotar os líderes para gerir e avaliar pela entrega, tanto com formação adequada como com as ferramentas certas.

Por fim, o quinto e mais estruturante ponto, passa pela digitalização da nossa economia. O caminho digital que faz com que a tecnologia seja o motor oculto da recuperação económica, e a espinha dorsal do futuro de qualquer setor. Nesse sentido, é necessário dotar o tecido económico de ferramentas, conhecimento e boas práticas de implementação de software no core da sua gestão. Só assim é possível criar condições para que as empresas portuguesas tenham a velocidade necessária para aproveitar as oportunidades que a retoma trará.

Tendo em conta este contexto, o caminho é, e será, cada vez mais digital e a adoção da tecnologia é a batuta que ditará o tempo da retoma. Esta é uma oportunidade incrível para darmos o salto de gestão que há muito se debate no nosso país.

 

 

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