Cidade chinesa admite ter destruído mil milhões de ficheiros com dados recolhidos para controlo da Covid-19
A cidade chinesa Wuxi admitiu ter destruído mil milhões de ficheiros com dados pessoais recolhidos durante a pandemia de Covid-19, numa altura em que os governos locais estão analisar os seus sistemas de vigilância e rastreio do coronavírus com o fim da política de ‘zero casos’.
Wuxi, que é o lar de 7,5 milhões de pessoas, realizou uma cerimónia para se desfazer dos dados pessoais relacionados com a Covid-19, na quinta-feira, revelou o gabinete de segurança pública da cidade numa declaração, citada pela CNN Internacional.
Os dados em questão, que foram recolhidos para fins que incluem testes Covid, rastreio de contatos e prevenção de casos importados, representam apenas o primeiro lote de informação a ser eliminado, segundo o documento.
Os funcionários de Wuxi afirmaram que “terceiros oficiais de auditoria e notários” foram convidados a participar neste processo, a fim de garantir que os dados não pudessem ser restaurados. Na mesma cidade, foram também eliminadas mais de 40 aplicações locais utilizadas para a “prevenção de epidemias digitais”, de acordo com a declaração.
A China reúne grandes quantidades de dados sobre os seus cidadãos, desde a recolha do ADN e outras amostras biológicas até ao rastreio dos seus movimentos numa vasta rede de câmaras de vigilância e ainda através da monitorização das suas pegadas digitais.
Desde a pandemia, a vigilância do Estado intensificou-se na vida privada dos cidadãos chineses, resultando em níveis sem precedentes de recolha de dados. Com o fim da política adotada pela China de ‘zero casos’, a preocupação dos residentes com a segurança e privacidade pessoal aumentou de forma exponencial devido ao receio de potenciais fugas ou roubo de dados.
Em julho do ano passado, foi divulgada uma enorme base de dados com alegada informação pessoal de até mil milhões de cidadãos chineses, que ficou acessível ao público durante mais de um ano até um utilizador anónimo num fórum hacker ter-se oferecido para vender a informação.
As aplicações para controlar os casos de coronavírus ditaram a vida social e económica em toda a China durante a pandemia, controlando quando as pessoas saíam de casa, para onde iam, quando é que as empresas podiam abrir e em que zonas diversas mercadorias podiam ser transportadas.