Canal do Panamá reduz tráfego esta sexta-feira devido à falta de água: outubro foi o mês mais seco dos últimos 73 anos

O Canal do Panamá reduziu, a partir desta sexta-feira, de forma gradual o número de travessias de navios devido à grave seca que enfrenta. De acordo com a Autoridade do Canal do Panamá (ACP), o número de passagens nesta rota vai baixar de 29 para 25 diárias: em 2022, passaram em média 39 navios por dia, um número que vinha a diminuir desde há meses. Recorde-se que esta passagem movimenta quase 6% do comércio marítimo mundial.

“Outubro é o mês mais seco desde que há registos, há 73 anos. A seca causada pelo El Niño continua a impactar gravemente o sistema de reservatórios do Canal do Panamá e, como consequência, foi reduzida a disponibilidade de água”, observou a ACP, que especificou que entre hoje e dia 7 vão cruzar 25 navios diários; a partir de dia 8 e até dia 30, baixa para 24; dezembro só verá passarem 22 navios, janeiro 20 e 18 em fevereiro.

“A chegada tardia da época das chuvas este ano e a falta de precipitação na bacia do canal obrigaram à redução do tráfego”, referiu a ACP, em mensagem enviada aos seus clientes. O canal também reduziu o calado dos navios, o que obrigou alguns navios mercantes a descarregar os contentores antes de entrar nesta hidrovia interoceânica. A queda de travessia vai provocar um ‘rombo’ de 200 milhões de dólares nas receitas em 2024.

Em agosto último, o administrador do canal, Ricaurte Vásquez, defendeu que o canal precisava de uma fonte adicional de água doce para poder funcionar em plena capacidade e que estava em estudo a construção de um reservatório num rio. Ao contrário do Canal do Suez, que utiliza água do mar, a rota panamenha conta com água doce, obtida através das chuvas tropicais abundantes.

O canal, com 80 km de extensão, liga o Oceano Pacífico ao Atlântico e tem como principais utilizadores os Estados Unidos, a China, o Japão e o Chile.

Por cada passagem de um navio por uma eclusa do Canal do Panamá, são despejados no mar 200 milhões de litro de água doce. A redução nas travessias obrigou os responsáveis do canal a leiloar os poucos lugares disponíveis: há uns meses, um navio-tanque de produtos químicos pagou um valor recorde de 2,4 milhões de dólares para evitar a fila de espera.

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