
Califórnia decreta estado de emergência para combater gripe aviária: animais em risco de extinção em zoológicos afetados
O governador da Califórnia, Gavin Newsom, proclamou o estado de emergência no estado americano para “agilizar e acelerar” a resposta à gripe aviária, sendo que apenas naquele estado já foram registados 34 casos.
O vírus foi detetado em 16 estados dos EUA e até ao momento afetou um total de 61 pessoas, mais de metade na Califórnia. De acordo com a ‘CBS News’, o vírus foi detetado em vacas leiteiras em explorações no sul da Califórnia e foi transmitido aos humanos através do contacto direto com animais infetados.
Newsom explicou, em comunicado, que o Governo californiano declarou o estado de emergência com o objetivo de alargar ainda mais a monitorização e executar um “plano estadual coordenado para conter e mitigar a propagação do vírus”.
Segundo as autoridades estatais, até ao momento não foi detetado qualquer contágio entre pessoas e quase todas as pessoas afetadas foram expostas diretamente nas explorações leiteiras. A Califórnia já estabeleceu o maior sistema de testes e monitorização do país para responder ao surto.
O primeiro caso de gripe aviária em bovinos da Califórnia foi registado em agosto último. Desde então, foram detetados surtos num total de 645 explorações agrícolas, segundo dados da Secretaria de Agricultura e Alimentação do estado: destes, 56 já terminaram o período de quarentena.
“Embora o risco para o público permaneça baixo , continuaremos a tomar todas as medidas necessárias para prevenir a propagação deste vírus”, acrescentou o governador.
Jardins zoológicos afetados
Dezenas de animais raros, incluindo tigres, leões e chitas, têm morrido devido à expansão da gripe aviária nos EUA, conforme a doença se infiltra nos zoológicos, com potenciais “implicações graves” para espécies ameaçadas.
Os cientistas estão preocupados com o número crescente de mortes em zoológicos americanos, suspeitando que os pássaros selvagens infetados que pousam nos recintos possam estar a espalhar a doença entre os animais em cativeiro.
Nos EUA, uma chita, um leão da montanha, um ganso indiano e uma kookaburra estavam entre os animais que morreram no Wildlife World Zoo perto de Phoenix; o Zoológico de São Francisco fechou temporariamente os seus aviários depois de um falcão-de-ombros-vermelhos selvagem ter sido encontrado morto no seu terreno e, mais tarde, testou positivo para gripe aviária altamente patogénica (HPAIV). Um raro ganso-de-peito-vermelho morreu no Zoológico Woodland Park em Seattle, causando o encerramento de aviários e a suspensão da alimentação de pinguins para visitantes em novembro. Esses casos seguem as mortes de 47 tigres, três leões e uma pantera em zoológicos no sul do Vietname durante o verão.
“Dadas as consequências potencialmente fatais de uma infeção por HPAIV em aves e em alguns mamíferos, como grandes felinos, essas infeções podem ter implicações graves para espécies animais ameaçadas de extinção refugiadas em zoológicos”, alertou Connor Bamford, virologista da Queen’s University Belfast, em declarações ao jornal ‘The Guardian’.
Os vírus da gripe aviária podem ser transmitidos a uma grande variedade de animais: em 2020, espalhou-se pelo mundo uma variante – que chegou mesmo a atingir a Antártida, no final de 2023 – que causou a morte de milhões de animais selvagens na Eurásia, África, América do Norte e América do Sul. Nos EUA, adaptou-se totalmente ao gado, aumentando o risco de infeções humanas.
A disseminação manteve-se em quintas leiteiras, especialmente na Califórnia – o estado com maior produção de laticínios dos EUA – onde quase metade das 1.300 quintas do estado já foram afetadas, sendo que dois trabalhadores testaram positivo neste mês. Suspeita-se que dois gatos domésticos morreram em Los Angeles após beberem leite cru infetado.