Brasil: Carta em defesa da democracia é lida esta quinta-feira. Manifesto já tem mais de 845 mil assinaturas
Uma carta para “a defesa da democracia” no Brasil será lida esta quinta-feira na no pátio de São Francisco, na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), no centro da cidade, num espaço restrito a 1200 convidados, 200 dos quais são estudantes.
Segundo a ‘Folha de S. Paulo’, que cita o diretor da Faculdade de Direito da USP, Celso Campilongo, há cerca de 200 pessoas a trabalhar na organização do evento e aproximadamente 1400 pessoas estarão no interior do espaço, durante a leitura.
O jornal adianta ainda que as restrições de pessoas foram definidas em reuniões entre o comité organizador e representantes da secretaria de Segurança Pública e da Polícia Militar de São Paulo, num evento que será controlado pelas forças de segurança.
A carta recolheu quase 845 mil assinaturas e é escrita em resposta às críticas do Presidente Jair Bolsonaro contra as instituições e o sistema eleitoral.
Lançada por membros da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), esta “Carta aos Brasileiros e Brasileiras em defesa do Estado democrático de direito”, tinha até à tarde de quarta-feira 844.325 assinaturas.
“Vivemos num momento de grande perigo para a normalidade democrática, de risco para as instituições, com insinuações de não respeito pelo resultado das eleições”, estimam os autores do texto, assinado igualmente por antigos juízes do Tribunal Supremo, e numerosos artistas, como o cantor Chico Buarque.
A petição fala em “ataques infundados e sem prova que colocam em causa o processo eleitoral do Estado democrático de direito eleitoral conquistado pela luta da sociedade brasileira”.
“Ameaças contra outros poderes (…), a incitação à violência e à rutura institucional são intoleráveis”, prossegue o texto, sem nunca mencionar Bolsonaro.
O chefe de Estado do Brasil, no poder desde o início de 2019 e candidato a um segundo mandato, não tem parado de criticar o sistema de voto eletrónico em vigor naquele país desde 1996, alimentando a ideia de que não irá reconhecer o resultado das eleições presidenciais se for derrotado.
A petição da USP recolheu assinaturas de importantes associações patronais como a influente federação dos bancos (Febraban), e a Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), vistas por observadores como uma mudança no apoio de 2018 ao Presidente da República.
“Quem está contra a democracia no Brasil? Nós somos pela transparência, a legalidade. Nós respeitamos a Constituição. Não percebi esta petição”, reagiu Bolsonaro na sua página da rede social Facebook.
Numa sondagem realizada pelo instituto de referência Datafolha, publicada na quinta-feira, Bolsonaro registava 18 pontos de diferença – em desvantagem – em relação ao candidato de esquerda e ex-Presidente Luiz Inacio Lula da Silva (2003-2010), grande favorito do escrutínio, com 47% de intenções de voto, contra 29% para o atual Presidente de direita.
(Com Lusa)