Banco Central de Inglaterra quer deixar os bancos comerciais fora do jogo da Libra digital
A par dos mais recentes trabalhos do Banco Central Europeu, do Bank of America e da instituição financeira do Reino Unido, de forma a criarem uma moeda digital emitida pelo Estado, à semelhança do que fez Pequim com o yuan digital, o Banco Central de Inglaterra (BOE) publicou hoje um relatório, onde conclui que pelo menos um quinto dos depósitos dos clientes presentes em Bancos Comerciais poderiam ser convertíveis em moedas digitais.
“Vivemos num mundo cada vez mais digitalizado, onde a forma como fazemos pagamentos e usamos o dinheiro está a mudar rapidamente”, comentou o governador do BOE, Andrew Bailey, em comunicado.
“A perspetiva de termos stablecoins como meio de pagamento e as propostas emergentes do CBDC geraram uma série de questões que os bancos centrais, os governos e a sociedade no seu conjunto precisam de considerar e abordar cuidadosamente”, referiu.
No que toca ao impacto da emissão deste dinheiro no mercado monetário, o relatório é claro: “Existe o risco de alguma perturbação nos mercados monetários a curto prazo, à medida que surgem novas formas de dinheiro digital, no entanto a longo prazo, o mercado vai adaptar-se”.
Em cima da mesa do banco central de Sua Majestade está a possibilidade da emissão de libra digital “diretamente aos consumidores, sem necessidade de passar por bancos provados”.
“Os depósitos sairiam do sistema bancário”, explicou Jon Cunliffe, vice-governador do Banco Central de Inglaterra à ‘Sky News’. “O sistema bancário teria de atrair fundos, porque perderia os depósitos”, acrescentou. “Se tal acontecer, estimamos que o custo de um crédito bancário possa aumentar 0,2%”, alertou o executivo.
Cunliffe avisou, no entanto, que o BOE ainda está numa fase inicial “de estudo” deste processo de emissão de moeda digital, pelo que ainda falta algum tempo para tal acontecer.
“Sejam stablecoins ou moedas digitais do banco central, a medida oferece o potencial de baixar os custos das transações” para as empresas, defendeu Cunliffe.