Banca fecha semestre com rendibilidade a cair para os níveis mais baixos desde a crise financeira
No primeiro semestre de 2020, a rendibilidade da banca em Portugal caiu para os níveis mais baixos de que há registo desde a crise financeira, segundo indicam os mais recentes do Banco de Portugal, que constam da análise ao Sistema Bancário Português, divulgada esta quarta-feira.
Segundo o regulador, a rendibilidade do ativo (ROA) situou-se em 0,08%, o que configura uma redução de 0,48 pp face ao período homólogo de 2019. Por seu turno, a rendibilidade do capital próprio (ROE) diminuiu 5,2 pp, para 0,9%, segundo dados
A redução acentuada do ROA refletiu, essencialmente, um aumento significativo das imparidades para crédito e, em menor grau, uma redução dos resultados com operações financeiras. Neste sentido, o custo do risco de crédito
aumentou 0,52 pp, situando-se em 0,93%.
Este aumento significativo do fluxo de imparidades está associado ao impacto da pandemia da COVID-19. O rácio ‘cost-to-income’ aumentou 0,7 pp, para 58,0%. Esta evolução resultou de uma diminuição do produto bancário (4,5%) superior à redução dos custos operacionais (3,3%).
Com a pandemia vieram também as moratórias sobre o crédito, impedido que o rácio do malparado tenha subido. Os números do BdP mostram que, no 2.º trimestre de 2020, o rácio de empréstimos non-performing (NPL na sigla inglesa) diminuiu 0,5 pp, para 5,5%, devido a um aumento dos empréstimos totais e, em menor grau, a uma diminuição dos NPL.
O rácio de NPL líquido situou-se em 2,6%, o que representa uma descida de 0,3 pp. O rácio de NPL das empresas cifrou-se em 11,1% (-0,8 pp), em resultado de um aumento dos empréstimos performing e de uma redução dos NPL.
No caso dos particulares, o rácio diminuiu ligeiramente para 3,6% (-0,1 pp), o que se deveu, maioritariamente, a uma redução os NPL.
O rácio de cobertura dos NPL por imparidades aumentou 1,8 pp para 53,1%, em virtude de uma redução dos NPL e, em menor grau, de um aumento das imparidades, designadamente dos NPL de particulares e de empresas.
A análise dá ainda conta da evolução da solvabilidade. No 2.º trimestre de 2020, o rácio de fundos próprios totais e o rácio de fundos próprios principais de nível 1 (CET 1) aumentaram 0,6 pp e 0,5 pp, respetivamente, situando-se em 17,2% e 14,6%, respetivamente.
A evolução destes rácios traduziu a diminuição dos ativos ponderados pelo risco e o aumento dos fundos próprios totais e dos fundos próprios principais de nível 1. Embora em menor grau, a reclassificação de uma instituição, de filial para
sucursal, concorreu também para a melhoria destes rácios.
O regulador informa ainda que o rácio de alavancagem cifrou-se em 7,6%, diminuindo 0,2 pp face ao trimestre anterior refletindo o aumento do ativo, mas mantendo-se significativamente acima do mínimo de referência definido pelo Comité de Supervisão Bancária de Basileia (3%), o qual se tornará um requisito de cumprimento obrigatório a partir da data de início de aplicação do novo CRR (28 de junho de 2021).