Ataques do Hamas contra Israel foram há um ano. Hoje há cerimónia em Lisboa para recordar as vítimas do dia que mudou o Médio Oriente (e o mundo)

Esta segunda-feira assinala-se o primeiro aniversário dos devastadores ataques do Hamas contra Israel, um evento que mudou profundamente o cenário geopolítico do Médio Oriente e cujas repercussões ainda se fazem sentir. Para marcar a data, a Embaixada de Israel em Portugal e a Comunidade Israelita de Lisboa organizam uma cerimónia em memória das vítimas. O evento terá lugar às 18h30, na Sinagoga Shaaré Tikvá, na rua Alexandre Herculano, 59, em Lisboa.

Este evento solene irá homenagear as mais de 1.200 vítimas mortais, maioritariamente civis, que perderam a vida naquele dia fatídico, além de lembrar os muitos que foram sequestrados, feridos e afetados pela onda de violência subsequente. A cerimónia incluirá discursos de líderes da comunidade, bem como de representantes diplomáticos e religiosos, destacando a importância de preservar a memória das vítimas e de reforçar o compromisso com a paz e a estabilidade na região.

O ataque que mudou o Médio Oriente – e o mundo

A 7 de outubro de 2023, o Hamas lançou uma ofensiva sem precedentes contra Israel, que começou ao amanhecer com o disparo de milhares de rockets da Faixa de Gaza. As forças israelitas, surpreendidas pela escala e coordenação do ataque, viram o seu território invadido por militantes armados que atravessaram as fronteiras em várias frentes. Entre os principais alvos estavam civis em localidades do sul de Israel, incluindo a cidade de Sderot e diversos kibutzim.

Nas horas e dias que se seguiram, a magnitude da ofensiva tornou-se clara. Mais de 1.200 pessoas foram mortas, muitas em ataques a civis em áreas residenciais e num festival de música perto da fronteira com Gaza. Cerca de 250 israelitas foram sequestrados, sendo transportados para Gaza. Entre os raptados estava Noa Argamani, uma jovem que participava no festival e cuja imagem, enquanto era levada por militantes do Hamas numa motorizada, se tornou um símbolo da brutalidade do ataque.

A resposta israelita e o aumento da violência

Em resposta ao ataque, Israel lançou uma ofensiva massiva contra a Faixa de Gaza, que se prolongou durante meses. O exército israelita bombardeou infraestruturas do Hamas e de outros grupos militantes, incluindo a complexa rede de túneis subterrâneos usada para operações militares e para esconder líderes do grupo. Esta resposta resultou na morte de mais de 41.000 palestinianos, a maioria civis, agravando uma já devastadora crise humanitária.

Além da ofensiva em Gaza, Israel intensificou os ataques contra o Hezbollah no Líbano, após a morte do seu líder, Hassan Nasrallah, num bombardeamento israelita no sul de Beirute. Esta morte provocou uma nova onda de retaliação, com ataques por parte do Hezbollah ao norte de Israel, causando mais vítimas civis e militares.

O impacto global e a ameaça de uma guerra regional

O conflito não se limitou ao território de Israel e Gaza. Houve um aumento significativo de tensões regionais, com o Irão, um dos principais apoiantes do Hamas e do Hezbollah, a intensificar a sua retórica contra Israel. Em novembro de 2023, um cessar-fogo temporário permitiu a libertação de parte dos reféns capturados, mas a paz foi de curta duração. Desde então, o conflito tem-se agravado, com ataques aéreos, bombardeamentos e confrontos em várias frentes, incluindo no Líbano e na Síria.

Além disso, três militares norte-americanos perderam a vida em ataques de milícias xiitas apoiadas pelo Irão no sul da Síria, e ataques aéreos dos EUA e do Reino Unido no Iémen em resposta a ataques dos Houthis contra navios internacionais no Mar Vermelho sublinharam a crescente escala global do conflito.

Um ano depois: reflexão e esperança

Passado um ano, as feridas do 7 de outubro de 2023 continuam abertas. Muitos dos reféns capturados pelo Hamas permanecem em cativeiro, e os seus familiares, tanto em Israel como no exterior, vivem num constante estado de angústia. A violência deixou milhares de mortos e feridos, destruiu comunidades inteiras e transformou a vida de milhões de pessoas. Em Gaza, a situação humanitária é desoladora, com falta de alimentos, água potável e cuidados médicos, enquanto milhares de famílias permanecem desalojadas.

Para muitos, a esperança de um “dia seguinte” a este conflito prolongado parece cada vez mais distante. As perspetivas de uma resolução pacífica do conflito israelo-palestiniano, que já eram incertas antes do ataque de outubro, tornaram-se ainda mais nebulosas. No entanto, iniciativas como a cerimónia desta noite em Lisboa procuram manter viva a memória das vítimas e promover um diálogo construtivo em busca de paz e segurança duradouras para todas as partes envolvidas.

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