Atacada por reguladores de todo o mundo, Binance nomeia novo diretor de Compliance
Jonathan Farnel, um executivo com mais de 20 anos de experiência na indústria financeira, acaba de ser contratado pela Binance para reforçar a sua equipa europeia de conformidade (“European Compliance Team”), revelou a empresa em comunicado. Esta notícia surge na mesma altura em que a plataforma teve de tomar medidas para reagir ao ataque de vários reguladores, em todo o mundo.
Farnell junta-se à Binance com o título de Diretor de Conformidade (”Director of Compliance”) para ajudar a desenvolver o panorama de produtos regulados, incluindo “e-money” regulado e serviços de criptoativos.
Este executivo estava anteriormente a trabalhar na eToro, onde desempenhava o cargo de “Director of Compliance” na eToro Money UK e era membro do Conselho de Administração e “Head of Compliance” na eToroX.
Farnel tem uma grande experiência no setor dos serviços financeiros, tendo sido cofundador da Arro Money, empresa que foi adquirida pelo Grupo eToro em 2019. A sua experiência em dinheiro digital e regulação de ativos criptográficos, bem como o seu foco na criação de novos produtos para os utilizadores finais, irão certamente melhorar as capacidades da equipa de conformidade da Binance, a qual está em rápido crescimento.
Para Samuel Lim, Chief Compliance Officer da Binance “Jonathan é um profissional muito experiente na área da conformidade que traz consigo experiência vital no desenvolvimento de produtos regulados que serão de enorme importância para a Binance. Estamos empenhados em cumprir as nossas obrigações no que diz respeito à conformidade em todas as regiões onde operamos e a contratação de Jonathan representa um passo significativo no desenvolvimento da nossa equipa.”
Esta nomeação surge na mesma altura, em que vários reguladores em todo o mundo atacam a plataforma, em grande parte dos casos por operar sem licença, um problema que o departamento de Compliance terá de resolver.
Na primeira semana de julho, os utilizadores da exchange receberam um email, onde foram informados que seriam suspensos os depósitos bancários em toda a SEPA (Single Euro Payments Area, ou seja um espaço geográfico onde particulares, empresas e administração pública podem efetuar e receber pagamentos em euros, em idênticas condições, direitos e obrigações, qualquer que seja a sua localização, dentro ou fora da UE), depois de vários reguladores terem lançado o “alerta vermelho”, devido ao facto de a exchange operar em vários países sem licença.
“Estamos a trabalhar com os nossos parceiros, para encontrar uma solução. Obrigado pela compreensão”, pode ler-se no email enviado aos utilizadores. A mensagem esclarece ainda que que todos os depósitos realizados neste contexto serão devolvidos “dentro de sete dias úteis”.
O mesmo email esclarece no entanto que os utilizadores “poderão continuar a comprar criptomoedas e realizar depósitos em euros na sua conta, através de cartões de débito ou crédito”, mas não aponta uma data para que a situação possa regressar à normalidade.
No fim de junho, a Financial Conduct Authority (FCA) do Reino Unido publicou um comunicado no seu próprio site, onde anunciou que tinha ordenado o encerramento de todas as atividades da Binance, a maior plataforma de criptomoedas do mundo. O regulador alertou ainda que a ordem de “fecho de portas” se estende a todo o Binance Group.
“A Binance Markets Limited não está atualmente autorizada a realizar quaisquer atividades regulamentadas, sem o consentimento prévio por escrito da FCA”, por isso, até que tal seja pedido, o Binance Group não tem autorização para operar no Reino Unido.
Depois deste alerta, vários bancos no Reino Unido, como o Barclays e o Natwest congelaram as transferências de dinheiro de e para a Binance.
A decisão do regulador britânico, surgiu pouco tempo depois de o seu homólogo japonês, Financial Services Agency, ter emitido um aviso semelhante. O órgão de supervisão do arquipélago chegou mesmo a ameaçar a exchange de avançar com uma ação judicial, caso esta não parasse de desenvolver atividades de gestão e transação de moedas digitais, sem licença.
Em abril, foi a vez da Alemanha avisar os seus investidores de que poderiam estar “a violar o Código de Valores Mobiliários”, já que a plataforma não tinha qualquer autorização de Berlim para desenvolver atividades cripto no país.
Na Tailândia, o regulador financeiro do país colocou uma ação em tribunal contra a exchange por esta operar sem licença do Estado.
No blog da empresa, o CEO da Binance reagiu a estes ataques. “A área do compliance é um mundo em descoberta sobretudo para setores como o nosso envolvidos no mercado cripto”, escreveu Changpeng Zhao.
“O nosso setor ainda vive na incerteza. Crescemos muito em muito pouco tempo, mas entendemos que quanto maior a expansão (de uma empresa) maior deve ser a sua responsabilidade”, acrescentou o CEO.
“Como uma startup que está no mercado há apenas quatro anos, a Binance ainda tem muito espaço para crescer”, disse Zhao. “A empresa cresceu muito rapidamente e nem sempre tivemos tudo como devia ser, mas estamos a aprender e a melhorar de dia para dia”, defendeu o executivo.
A Binance conta com uma lista de mais de 100 ativos digitais, sendo desde 2018 a exchange mais cotada do mundo. Neste mesmo ano, só no Japão e em uma hora, 240 mil pessoas tentaram aderir à plataforma, o que levou a empresa a limitar o número de adesões, conforme noticiou na altura a Bloomberg.