“As famílias estão com os orçamentos muito limitados”: Marcas brancas já representam 45% da fatura do supermercado

As marcas próprias das distribuidoras (as chamadas ‘marcas brancas’), têm um peso cada vez maior na fatura dos portuguesas quando vão aos supermercados, já representado quase metade do total de vendas no setor do retalho alimentar (44,8%).

Os números constam de um estudo e análise da Nielsen, citado pelo Diário de Notícias, e que assinala que as vendas no retalho alimentar cresceram 14,5% só entre janeiro e final de maio deste ano: no total foram 4901 milhões de euros, mais 621 milhões do que no mesmo período do ano passado.

As vendas de produtos de marca própria cresceram a mais do dobro do ritmo do mercado (28,8% contra 5,1%) e este aumento, considera Gonçalo Lobo Xavier, diretor-geral da Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição (APED), indica que “as famílias estão com os orçamentos muito limitados e é um sinal muito preocupante”.

Há um ano, a ‘fatia’ dos produtos de marca própria era de 39,9% das vendas no retalho alimentar, mas em determinados segmentos a quota ocupada é ainda maior: na mercearia representa mais de metade (51%), assim como nos congelados (62,2%) e 47% nos lacticínios.

Pedro Pimentel, diretor-geral da Centromarca, associação do setor que representa os fabricantes de produtos de marca, destaca que, no estudo, deve-se observar que, em termos de valor, as vendas em valor não mostram que as famílias estão a comprar menos. O responsável aponta para o efeito de compensação no turismo.

Citando outras fontes, como a Kantar, o responsável explica que “no último ano, houve uma quebra de quase 9% em volume”, e que as perdas estão a ser compensadas pelo crescimento no turismo. “As projeções apontam para um crescimento de 20% face a 2022. Serão 23 milhões de visitantes”, explica.

Gonçalo Lobo Xavier avisa para uma pressão nos preços dos produtos hortofrutícolas e na carne, devido à seca e falta de alimento, e sublinha que os apoios do Governo aos agricultores ainda não foram pagos, enquanto o acordo que permitiu a descida do IVA em determinados produtos alimentares para zero tem estado a ser cumprido por parte dos distribuidores.

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