Argentina: investigação sobre abuso sexual de menores envolve várias figuras do mundo da televisão

Várias denúncias públicas e judiciais revelaram vários nomes de figuras conhecidas da televisão argentina que estão relacionadas com casos de abusos de menores, como Marcelo Corazza, vencedor do Big Brother do país em 2021, e Juan Martín Rago, vencedor do Prémio Martín Fierro Air como ‘Melhor Novo Ator’.

Uma testemunha, agora com 27 anos, relatou ter tido uma relação com um “músico e apresentador de televisão” que tinha 32 anos, quando ele tinha apenas 14, 15, 16 e 17, no programa ‘A la tarde’, no canal América TV. O jovem alegou que Corazza não só abusou fisicamente como também lhe enviou vídeos sexuais há vários anos.

Também Juan Martín Rago, conhecido por Jey Mammón, o ator mais promissor da televisão, foi acusado do crime de abuso de menores, o que terá sido protegido pela cobertura mediática dos casos.

Rago tem agora uma denuncia pública por parte de uma alegada vítima da rede de tráfico conhecida como os ‘amantes dos rapazes’ orquestrada por Jorge Corsi. A testemunha, Benvenuto, foi a tribunal em 2020, com uma queixa que nunca foi bem sucedida. Em 2021, o Juiz Walter Candela decidiu que o prazo de prescrição tinha expirado.

Os acontecimentos descritos terão ocorrido em 2006, uma década antes de ser aprovada a lei que anulou o prazo para a investigação de crimes contra a integridade sexual de menores no país. “A lei não é retroativa”, argumentou o juiz ao ilibar Rago.

Atualmente, a Lei 27.206 permite que estes casos não estejam sujeitos ao estatuto de limitações na Argentina, sendo que pode ser considerada como data de início o momento da denúncia e não a data do crime.

“Assim, é dado mais tempo à vítima para denunciar e é importante porque a criança abusada tem um trauma que não é fácil de desvendar, pode levar muito tempo para que isso aconteça”, explicou a professora de teatro nas escolas secundárias, Luciana Wiederhold, ao jornal argentino Página12.

As crianças terão sido tentadas com roupa, calçado e até “viagens à Disney”, para que primeiro concordassem com o abuso e depois com a prostituição orquestrada pela rede.

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