Amostras de saliva ganham força para ser alternativa a testes invasivos à covid-19

Dois novos estudos americanos defendem uma alternativa aos testes à covid-19 invasivos, que implicam a recolha de uma amostra retirada do nariz com uma zaragatoa. As amostras de saliva foram quase tão fiáveis e muito menos incómodas, indicam ambas as publicações.

Anne Wyllie, uma investigadora da Escola de Saúde Pública de Yale, nos Estados Unidos, foi a principal autora de um dos estudos e espera combater alguns dos principais obstáculos aos testes de saliva. “Tem havido muito debate sobre saliva vs. zaragatoa”, disse.

Os Estados Unidos estão há mais de seis meses mergulhados na pandemia, agravada pela realização de testes atrasados e desorganizados. Estes dois estudos sugerem que a saliva poderia ser uma alternativa convincente aos testes invasivos – uma opção que não requer necessariamente profissionais treinados para recolher amostras.

Depois de uma escassez inicial, uma gama de novas opções de testes tem inundado o mercado. A Food and Drug Administration (FDA) emitiu autorizações de emergência para mais de 150 testes de diagnóstico à covid-19, incluindo os que dependem de saliva e os que requerem amostras retiradas da cavidade nasal, na parte frontal do nariz ou na garganta, através de zaragatoas.

No novo estudo de saliva de Yale, publicado na semana passada no New England Journal of Medicine, a equipa de Wyllie identificou 70 pacientes hospitalares cujas infecções já tinham sido confirmadas com as zaragatoas nasais mais tradicionais.

Neste primeiro estudo, os testes de saliva detectaram efectivamente o vírus com mais frequência – 81% dos testes deram positivo nos primeiros cinco dias de infecções, em comparação com 71% dos testes nasofaríngeos. O teste da saliva também detectou mais cópias do material genético do vírus.

Num segundo estudo do Canadá publicado na revista médica Annals of Internal Medicine também na semana passada, os investigadores testaram quase 2000 pessoas com sintomas ligeiros do vírus ou sem sintomas, mas com elevado risco de infecção. Os participantes recolheram a sua própria saliva e também fizeram o tradicional teste da zaragatoa: 34 deram positivo em ambos os testes. Em 14 casos, o vírus foi detectado na amostra de saliva, mas não na amostra nasal. Em 22, verificou-se o oposto.

Investigações anteriores sugeriram que o SARS-CoV-2, vírus responsável pela doença covid-19, primeiro liga-se às células da cavidade nasal do corpo e depois começa a replicar-se, espalhando-se através do tracto respiratório do corpo. Há poucas dúvidas de que, neste processo, o vírus também se espalha pela cavidade oral do corpo. A questão é se existe vírus suficiente para ser facilmente detectado com um teste de saliva.

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