“Ameaça significativa para a segurança interna”: Europol alerta que UE está a tornar-se paraíso para as multinacionais do crime organizado

Um relatório confidencial da Europol, cedido a vários meios de comunicação franceses revela um cenário preocupante: a Europa tornou-se um terreno fértil para as chamadas “multinacionais do crime”, que representam uma “ameaça significativa para a segurança interna da União Europeia”.

De acordo com o relatório, existem atualmente 821 organizações criminosas a operar nos 27 Estados-membros da UE, agindo como verdadeiras “empresas multinacionais do crime”, segundo destaca o documento. Estas organizações, muitas vezes, contam com a cumplicidade direta ou indireta de grandes empresas legais em setores estratégicos como a hotelaria, construção civil, distribuição de produtos e transporte rodoviário.

O relatório revela que estas organizações criminosas empregam cerca de 25.000 colaboradores, que variam desde assassinos contratados até informáticos pouco escrupulosos, além de técnicos e profissionais liberais que oferecem serviços pagos sob a forma de “prestação de serviços”. As multinacionais mafiosas europeias têm uma estrutura semelhante a pequenas ou médias empresas, com aproximadamente 10 a 40 membros, incluindo desde “diretores” até informantes, revelam as autoridades europeias.

Os dados divulgados pelo jornal ‘Le Monde’ indicam que 68% destas organizações multinacionais com ‘braços’ na Europa utilizam violência e intimidação para alcançar seus objetivos, enquanto 71% recorrem à corrupção de políticos, empresários e profissionais de vários setores para expandir os seus negócios.

A lavagem de dinheiro também é uma prática comum, com 96% das organizações a conseguir branquear seus lucros sem grandes dificuldades. Ainda, 86% infiltraram-se em ou criaram empresas totalmente legais para expandir as suas atividades comerciais e negócios.

Perante um cenário alarmante, a Europol enviou o relatório ultraconfidencial aos governos de todos os países membros da UE, alertando sobre o crescimento preocupante das novas multinacionais do crime. Catherine De Bolle, presidente da Europol, comenta que foram descobertas “informações inéditas e perigosas que transmitimos a todos os Estados europeus”. “Estamos diante de uma ameaça significativa e crescente para a segurança interna da União Europeia”, avisou.

O relatório destaca a urgência de adotar medidas eficazes para combater essa nova onda de criminalidade organizada, que se vale tanto de métodos tradicionais, como a violência, quanto de métodos mais sofisticados, incluindo o uso de novas tecnologias, para perpetuar as atividades ilícitas.

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