Criança nepalesa alvo de “linchamento”: APAV denuncia escolas que não reportam maus-tratos às autoridades

A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) levantou sérias preocupações diante da possibilidade de a escola não ter reportado o caso em que uma criança nepalesa de 9 anos foi agredida por colegas, num cenário descrito como “linchamento”. A associação confirma que existem outros casos de escolas que não reportam casos de maus-tratos a crianças às autoridades e entidades competentes.

Em declarações à Renascença, a APAV admitiu que o estabelecimento de ensino em questão pode ter falhado ao lidar com a situação. O Ministério da Educação, em resposta ao caso, identificou a escola em questão, afirmando que, de acordo com o gabinete do ministro Fernando Alexandre, não há registo de qualquer ocorrência disciplinar nesse estabelecimento de ensino.

Carla Ferreira, representante da APAV, salientou a importância de uma atuação mais proativa por parte das escolas no que diz respeito à denúncia e gestão de casos de violência nas instituições de ensino e destaca que “cada vez mais temos um envolvimento positivo das escolas” nesse sentido.

Sabemos obviamente, por alguns relatos, de situações que nos chegam através de vitimas, que muitas vezes este contacto com as CPCJ ou com os órgãos de policia criminal não existe, e a situação não é reportada diretamente. Ou por falta de informação, ou falta de recursos humanos, e muitas vezes por falta de informação e sensibilidade relativamente a estas situações”, explica à Antena 1 Daniel Cotrim, psicólogo e assessor técnico da Direção da APAV.

Em entrevista à Renascença, Ana Mansoa, diretora-geral do Centro Padre Alves Correia, denunciou um caso alarmante de “linchamento” envolvendo um menino nepalês de nove anos, agredido por cinco colegas, enquanto um sexto aluno filmava a cena, que posteriormente foi divulgada nas redes sociais.

Após a divulgação do caso, as últimas horas foram marcadas por comunicados contraditórios entre o referido centro da Igreja e o Ministério da Educação, gerando ainda mais incerteza sobre o desenrolar do incidente e as medidas tomadas pelas autoridades competentes.

No caso de a escola ter tido conhecimento da situação, mas não a ter reportado às autoridades competentes, Carla Ferreira da APAV enfatiza que isso não deveria ter acontecido, sublinhando que as escolas têm a responsabilidade não apenas de relatar, mas também de agir ativamente para proteger e apoiar as vítimas.

“A escola tem um papel crucial não apenas na denúncia, mas também na assistência e reeducação das crianças envolvidas em atos de violência”, acrescenta Carla Ferreira.

“A ser verdade, devia, obviamente, ter havido aqui uma intervenção”, concluiu, destacando a importância de um esforço conjunto para prevenir e lidar com casos de violência nas escolas.

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