Alterações climáticas trocam as voltas aos meteorologistas. Furacões estão mais intensos e difíceis de prever

O furacão Laura tornou-se a tempestade mais poderosa de sempre a atingir os Estados Unidos, em agosto, e deixou os meteorologistas confusos com o seu comportamento. Mas não foi a única. Desde o início do ano, nove tempestades no Atlântico intensificaram-se rapidamente.

O furacão Laura foi, provavelmente, exacerbado pelas alterações climáticas, de acordo com cientistas, já que as águas oceânicas mais quentes fazem com que as tempestades se tornem mais carregadas e intensas.

Os meteorologistas ainda não conseguem prever que furacões se vão intensificar, mas à medida que as águas da costa atlântica continuam a aquecer as tempestades podem ser mais intensas, o que significa um maior perigo para as populações locais.

O Centro Nacional de Furacões dos EUA define a “intensificação rápida” como o aumento dos ventos de uma tempestade em cerca de 56 quilómetros por hora em 24 horas.

Em 2020, nove tempestades intensificaram-se rapidamente: Hanna, Laura, Sally, Teddy, Gamma, Delta, Epsilon, Zeta e Eta. O recorde anual do número de grandes tempestades que se formam no Atlântico foi quebrado, com a tempestade subtropical Theta a tornar-se o 29.º evento nomeado na época de furacões de 2020.

Este ano, houve tantas grandes tempestades que a Organização Meteorológica Mundial (OMM) esgotou a sua lista de nomes e ficou sem nomes de furacões no alfabeto, em setembro, e recorreu à utilização de letras gregas. Só nesse mês, houve cinco tempestades alinhadas no Atlântico ao mesmo tempo.

“A intensificação rápida é uma espécie de ‘botão turbo’ da natureza para furacões e pode produzir um grande furacão numa questão de horas”, disse um cientista da FM Global, Andreas Muehlbauer, à Bloomberg.

Não se trata de um fenómeno novo, mas pode tornar-se mais frequente se a temperatura do planeta continuar a aquecer. Os furacões que rapidamente ganham força são mais suscetíveis de ter consequências catastróficas.

As causas exatas desta intensificação são difíceis de apurar sem mais informação sobre o que está a acontecer dentro de uma tempestade. Ondas altas e ventos fortes dificultam a entrada de aviões e equipamento na área para descobrir o que se está a passar.

As alterações climáticas desempenham outro papel no aumento dos riscos associados às tempestades: a subida do nível do mar significa que mais regiões correm o risco de ser atingidas por vagas de tempestades.

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