Alemanha e Itália ameaçam vetar decisão europeia de proibir a venda de veículos novos a combustão em 2035

A Alemanha e a Itália levantaram obstáculos à intenção da União Europeia em proibir a venda de veículos novos a combustão a partir de 2035 – os dois países ameaçam mesmo bloquear o acordo.

Os alemães têm sido a voz mais discordante no seio europeu e defendem a introdução de uma exceção para os biocombustíveis – com fortes raízes industriais no sector automobilístico, a Alemanha não quer fechar as portas ao desenvolvimento tecnológico nessa área que possa conduzir a novas fórmulas não poluentes para veículos a combustão, também levando em linha de conta o forte investimento das principais marcas automóveis nesse sector.

O acordo foi ratificado no Parlamento Europeu em fevereiro último mas as declarações do secretário de Estado dos Transportes da Alemanha, Michael Theurer, no Conselho de Ministros da UE em Estocolmo, na passada segunda-feira, apontavam para uma mudança de posição ao defender “outras opções” para além do carro elétrico, como o hidrogénio e os biocombustíveis.

A discordância da Alemanha encontra ‘eco’ em Itália, que também expressou reservas sobre a medida, defendendo a coexistência de ambos os modelos de mobilidade – a combustão e elétrico – para não prejudicar a indústria automóvel. O ministro dos Negócios Estrangeiros italiano, Antonio Tajani, defendeu mesmo que a redução das emissões de CO2 em 2035 se fixe em 90%, em vez dos 100% atualmente estabelecidos.

As esperanças, em todo caso, são de que a Alemanha ceda à promessa da proposta do Executivo comunitário na revisão prevista para 2026 com exceções para os biocombustíveis.

Para concretizar a medida, é necessária maioria qualificada entre os 27. E ao bloqueio da Itália e da Alemanha pode-se acrescentar o da Polónia, Hungria e Bulgária, já relutantes à proposta.

Embora a proibição da venda de veículos a combustão a partir de 2035 tenha gerado polémica, após mais de um ano de negociações tensas, a Comissão Europeia, os Estados-membros e o Parlamento Europeu chegaram a um acordo em outubro, um ponto da negociação em que é raro dar um passo atrás.

Ler Mais