Administradores hospitalares querem regresso das PPPs na Saúde, mas com “as mesmas ferramentas de gestão” para todos

Xavier Barreto, presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares (APAH), manifestou-se favorável ao regresso das Parcerias Público-Privadas (PPPs) na gestão de hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Contudo, sublinhou a necessidade premente de assegurar a equidade nas ferramentas de gestão disponíveis para todos os hospitais, independentemente do seu modelo de gestão.

“Não haveria qualquer problema nesse regresso das Parcerias Público-Privadas, mas só se todos os hospitais tiverem as mesmas ferramentas de gestão”, afirmou Barreto em declarações à Renascença. O líder da APAH defendeu que a implementação do modelo de gestão privada em hospitais públicos pode ser benéfica, citando potenciais melhorias na eficiência e na qualidade dos serviços. Este modelo foi suspenso durante o mandato do governo anterior.

Barreto enfatizou a importância da autonomia na gestão hospitalar. “Uma PPP tem autonomia para contratar pessoas ou fazer investimentos. Não faria sentido que não fosse dado esse tipo de autonomia aos hospitais públicos”, argumentou.

No entanto, Barreto identificou obstáculos significativos à implementação desta autonomia. “Todos os anos, os governos afirmam que vão reforçar essa autonomia, responsabilizando os Conselhos de Administração pelos seus resultados e permitindo-lhes tomar decisões cruciais”, disse. No entanto, ele apontou que estas intenções “têm esbarrado na oposição sistemática por parte do Ministério das Finanças”, criticando a centralização das decisões no Terreiro do Paço.

Com a formação do novo Governo e a inclusão da promessa de reforço da autonomia dos hospitais do SNS no seu programa governamental, Barreto manifestou um sentimento de esperança cautelosa. “Não basta que isso esteja só no papel. É preciso concretizar e esperamos que seja com este Governo”, afirmou.

Desafios nas ULS: Presidente da APAH antevê dificuldades e necessidade de integração

Sobre as recentes dificuldades enfrentadas pelas Unidades Locais de Saúde (ULS), Barreto reconheceu os desafios, incluindo a rutura de stock de material em diversos centros de saúde. No entanto, considerou que tais problemas eram previsíveis, dada a conjuntura atual.

“A criação das ULS coincide com a implementação de um movimento de descentralização de competências e a transferência de responsabilidades para os municípios”, explicou Barreto. Esta mudança inclui áreas como cuidados de saúde primários, gestão de edifícios e gestão de pessoal, especialmente assistentes operacionais, segundo explica à mesma rádio.

Barreto também mencionou questões logísticas, como a integração de sistemas informáticos, como fontes de entraves adicionais. “Hospitais e centros de saúde continuam a ter bases de dados diferentes. Portanto, há dificuldades que não têm sido ultrapassadas da mesma forma por todas as ULS”, concluiu.

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