“Ação coletiva ou suicídio coletivo: está nas nossas mãos”: humanidade continua a alimentar vício em combustíveis fósseis, acusa secretário-geral da ONU

Incêndios florestais e ondas de calor estão a causar estragos em várias partes do planeta mostram que a humanidade está a enfrentar “um suicídio coletivo”, alertou esta 2ª feira António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, enquanto Governos de todo o mundo lutam para proteger as pessoas dos impactos do calor extremo.

“Metade da humanidade está na zona de perigo, de inundações, secas, tempestades extremas e incêndios florestais. Nenhuma nação está imune – no entanto, continuamos a alimentar o nosso vício em combustíveis fósseis”, alertou Guterres a ministros de 40 países que estão reunidos para discutir a crise climática, acrescentando: “Nós temos uma escolha. Ação coletiva ou suicídio coletivo. Está em nossas mãos.”

O calor extremo tem quebrado recordes em todo o mundo nos últimos meses, quando ondas de calor atingiram a Índia e o sul da Ásia, as secas devastaram partes de África e ondas de calor sem precedentes em ambos os polos surpreenderam simultaneamente os cientistas em março último. No Reino Unido, um alerta de calor extremo foi emitido com as temperaturas mais altas já registadas no Reino Unido esperadas hoje e máximas acima de 40°C previstas em alguns lugares.

Os ministros reunidos em Berlim para uma conferência climática de dois dias, conhecida como ‘Diálogo Climático de Petersberg’, discutirão o clima extremo, bem como o aumento dos preços dos combustíveis fósseis e dos alimentos e os impactos da crise climática. A reunião, convocada anualmente nos últimos 13 anos pelo Governo alemão, marca uma das últimas oportunidades para chegar a um acordo entre os principais países antes da cimeira climática da COP27 da ONU no Egito, em novembro.

Na Cop26, os países concordaram em limitar o aquecimento global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais mas os compromissos assumidos ainda eram inadequados para cumprir essa meta. Todos os países concordaram em apresentar este ano planos nacionais aprimorados para emissões de gases de efeito estufa, conhecidos como contribuições determinadas nacionalmente (NDCs). Frans Timmermans, vice-presidente da Comissão Europeia, que lidera o bloco da UE nas negociações climáticas da ONU, diminuiu as expectativas para a conferência em entrevista ao jornal britânico ‘The Guardian’. “Não vejo tantas novas NDCs no horizonte, francamente”, disse, apontando para a Austrália como uma rara exceção.