“A retenção de talento é um enorme desafio para as tecnológicas”, diz CEO da Martech Digital

Criada em 2021, a Martech Digital é uma agência de Marketing e Comunicação exclusivamente para o mercado B2B. A agência oferece serviços como consultoria em Transformação Digital do Marketing e Vendas, Marketing de Conteúdo, Inbound Marketing, Social Media ou Comunicação Empresarial. O objectivo é ajudar empresas a comunicar e promover a sua imagem e demonstrar que o mercado B2B também pode ser criativo e disruptivo. Faz parte da Nexus Capital Group, grupo que detém a Boost IT, Hexis Technology Hub, BYT Boost Your Team e Opulent Cloud. Em entrevista à Executive Digest, A CEO Ana Barros fala sobre os desafios e oportunidades do mercado tecnológico. 

A Martech Digital completou dois anos de actividade. Que balanço faz até ao momento?
Vejo isto como uma jornada que tem um começo, mas nunca tem um fim porque temos vindo a aprimorar cada vez mais os nossos processos. Continuamos com o mesmo propósito, o objectivo de assessorar o mercado B2B, a nossa área de actuação. O balanço é positivo e a base é a mesma, marketing e comunicação, mas os nossos clientes desafiam-nos a ir buscar outras coisas: tudo que é questões de marketing interno, empresariais ou programas de liderança. O portefólio de serviços mantém-se, mas temos vindo a alargar e a manter a consistência. 

Que serviços oferecem?
O que propomos fazer é uma transformação digital de marketing e vendas. Isto envolve olhar para os processos de marketing do cliente, com base na sua estratégia e posicionamento. Entendemos quais são as ferramentas que devem estar de suporte a esta estratégia e envolvemos as pessoas do lado do cliente e também do nosso lado. Na prática tudo isto resume-se à definição de estratégias de marketing, de conteúdo, de comunicação e assessoria de imprensa, de acordo com o target pretendido. Temos uma abordagem 360 graus e os clientes podem optar por todos os serviços ou só uma parte.

Quem são os vossos principais clientes?
Alguns dos nossos clientes são a BOOST IT, IDC Portugal, NOS, Desentupex, Warpcom, Nimble, WEDOIT, Oramix, Multivision, Precise, Activewhere, Singularity Digital Enterprise.

E relativamente ao valor da facturação?
Este ano, o nosso objectivo é chegar aos 400 mil euros, mas prevemos ultrapassar. 

Qual é estratégia da empresa para Portugal?
A estratégia é sermos a empresa de marketing e comunicação de refererência para o mercado B2B. Temos sempre este posicionamento, seja quais forem os canais. E trabalhamos sempre com todos os interlocutores que estão à volta, sejam clientes, parceiros, colaboradores ou Academia.  Queremos estar no meio deste ecosssistema para contribuir para o mercado B2B. 

E os passos necessários para uma internacionalização bem-sucedida?
O primeiro passo é entender a cultura do País, seja uma empresa que venha do Brasil ou de outro lado. É fundamental perceber os costumes locais, a forma como se comunica, o tom de comunicação. Depois, adaptar a comunicação ao tom usado em Portugal é essencial. Devem procurar parceiros que façam estudos de mercado sobre as áreas de actuação onde a empresa quer estar, qual a maturidade do mercado, entender toda a análise tributária e procurar criar uma equipa que seja local, que já tenha networking. O que sugiro sempre é que os clientes estejam envolvidos com o nosso ecossistema, que venham aos eventos e procurem no mercado empresas que já tenham feito este caminho. 

Na sua opinião, quais são os principais desafios das tecnológicas portuguesas?
Retenção e captação de talento é um enorme desafio. O outro que vejo muito importante é a vertente de comunicação. As tecnológicas são muitas vezes feitas pelo CEO, engenheiros informáticos, que têm uma competência técnica espectacular, mas por vezes subestimam o marketing e a comunicação porque pensam que o seu produto é suficiente. Só que não. Há uma linguagem que precisa de ser convertida para negócio, saber comunicar o produto e o serviço. Ainda vemos muitas empresas tecnológicas com um website que não está adaptado aos dias de hoje.

Entre as novas tecnologias, qual é a grande aposta das empresas portuguesas? 
A Inteligência Artificial está em cima da mesa, vai fazer parte da vida e até acelerar estratégia de marketing. Quando vou ao Norte e Centro visitar fábricas, a cloud ainda não é uma coisa assim tão comum. Esta é uma área onde ainda há muito espaço para evoluir e estar mais sustentanda. E, inevitavelmente, toda a parte da cibersegurança. Comprar tecnologia há 20 anos era mais caro do que agora. Temos muitas mais ferramentas e com um valor muito mais simpático. Precisamente por grande parte do nosso tecido empresarial ser constituído por PME é que estas têm de entender os seus processos de negócio, maturidade digital e procurar ferrametnas que fazem sentido ao seu momento de vida naquele momento. 

Considera que as empresas portuguesas estão a transformar digitalmente os seus negócios?
É um processo que deve estar no mindset das empresas e de forma contínua: identificar os processos, a maturidade e entender a tecnologia de suporte. Hoje em dia, com as ferramentas que existem qualquer organização consegue ser digital. Isto é essencial, saber como podem escalar os seus negócios. Este mindset tem que estar na cabeça do CEO, desde a transformação digital do seu negócio até à cultura organizacional. 

Atendendo ao actual contexto, que tendências podem moldar a economia digital em 2024?
Inteligência Aritificial, automotização de processos, a questão do blockchain e novos modelos de trabalho. Existem aqui duas questões muito importantes: uma maior sensibilidade para as questões da sustentabilidade e da responsabilidade social. Temos uma nova geração muito mais “verde”, com mais consciência, e esta mistura de geração dentro das empresas vai ser muito boa. Actualmente, uma empresa portuguesa consegue facilmente competir com outra sediada em qualquer parte do mundo. Mas há um facto que temos de dar mais atenção, a experiência do cliente. Neste mercado B2B é muito importante trabalhar esta vertente porque estamos a falar de vendas complexas, ciclos de venda longos e toda a conectividade das áreas tem de estar a funcionar bastante bem para que a jornada do cliente flua. 

Ler Mais