À prova de bala, lento e cheio de vinho e lagosta: É assim o misterioso comboio de Kim Jong Un que o levou à Rússia

Na última semana, assim que se souberam dos primeiros rumores a dar conta da visita de Kim Jong Un a Vladimir Putin, na Rússia, começou a corrida para tentar encontrar o famoso comboio pintado de um verde pastoso, que transporta o líder da Coreia do Norte quando este viaja ara o exterior.

Com efeito, um desses comboios foi visto na segunda-feira, a dirigir-se para o norte, na zona onde Coreia do Norte, Rússia e China fazem fronteira, rumo a Vladivostok, onde Putin estava a participar num fórum económico.

Logo depois, os meios de comunicação norte-coreanos confirmavam que Kim Jong Un havia deixado o país no tal comboio pintado de verde, e que é à prova de bala. O encontro entre o líder da Coreia do Sul e o Presidente russo está envolvo em secretismo, tal como o comboio que transporta Kim Jong Un vai ‘recheado’ de mistério. No entanto, há alguns dados históricos que se sabe sobre este meio de transporte

Foi usado pelo pai e avô de Kim Jong Un, que não confiariam nos aviões de passageiros da decrépita frota da era soviética de que dispõe o país.

Segundo relatórios de inteligência sul-coreana e norte-americana, haverá pelo menos 90 carruagens de alta segurança preparadas e prontas para estarem à disposição do líder a qualquer momento.

O objetivo é que se possam criar ‘manobras de diversão’. Ao longo da história, foi comum que, cada vez que o líder da Coreia do Norte viajava, saíssem três comboios: um de segurança, mais avançado, o que levava o líder e um terceiro com guarda-costas, mantimentos e equipamentos adicionais.

Cada uma das carruagens é à prova de bala, pelo que são bem mais pesadas do que as tradicionais. Por isso, devido ao peso ‘extra’, este comboio desloca-se a baixa velocidade, e a um máximo de 60 km/h.

Quando Kim Jong-Il estava no poder, cerca de 100 elementos de segurança viajavam no primeiro comboio, e eram responsáveis por procurar bombas e outras potenciais ameaças nas estações pelas quais as composições iam passando. Os comboios seriam também sobrevoados por helicópteros e avões militares, de forma a garantir a segurança e antecipar qualquer percalço.

Pelo menos 20 estações ferroviárias foram construídas de propósito par que apenas o líder da Coreia do Norte as possa usar.

As imagens divulgadas pelos meios oficiais são parcas, mas as que existem revelam alguns vagões especializados, com uma sala de conferências, uma sala de reuniões, e uma sala de descanso, com sofás cor-de-rosa. Naturalmente há um ‘vagão-restaurante’, onde chegam a acontecer eventos com artistas e figuras de topo da estrutura política da Coreia do Norte.

Konstantin Pulikovsky , um funcionário russo que viajou com Kim Jong-Il, revela que “era possível pedir qualquer prato da culinária russa, chinesa, coreana, japonesa, ou francesa” a bordo do comboio verde.

O antigo líder norte-coreano, insistia que que lagostas vivas e outras iguarias de luxo frescas existissem em abundância e nunca faltassem no comboio, sendo entregues à medida que este cruzava caminho, pela Sibéria. Eram também transportadas dezenas de caixas de vinhos franceses, das regiões de Bordéus e Borgonha.

Já Kim Jong-Un opta hoje em dia por ‘rechear’ o comboio, nas viagens que faz, com os alimentos e petiscos da sua preferência: queijo suíço, champanha Cristal e conhaque Henessy.

O comboio não escapa a algumas ‘manchas’ na história: foi associado à explosão de um comboio em Ryongchon, em que mais de 160 pessoas morreram, em 2004, e onde tinha passado há pouco a composição que levava Kim Jong-Il, levantando suspeitas de atentado. O pai de Kim Jong-Un viria a morrer em dezembro de 2011, precisamente quando estava no seu comboio, vítima de um ataque cardíaco.

Kim Jong Un já utilizou este comboio para visitar a China, quatro vezes, e o Vietname, uma vez. Também utilizou a composição na visita que fez a Putin em 2019.

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