“A propriedade nunca foi tão importante como agora”, defende Nils Henning

A Casafari já trabalha com conhecidas marcas como a Sotheby’s International Realty, Coldwell Banker, Savills, Vanguard Properties, Century 21 Iberia , Engel & Voelkers, Keller Williams, Zome, Knight Frank, entre outras.

Nils Henning, fundador da Casafari, explica, em entrevista à Executive Digest, como tem sido a evolução do mercado imobiliário português nos últimos anos e qual o papel da tecnologia neste sector.

Como tem sido a evolução do mercado imobiliário português nos últimos anos?

O mercado imobiliário português evoluiu de uma posição de outsider na Europa para um dos mercados mais procurados. Esta evolução foi impulsionada pelo capital internacional disponível, incentivos fiscais, lotes / projetos disponíveis em locais centrais e pela expansão do turismo. Os desenvolvimentos de alta tecnologia como os da Vanguard, Kronos e Vic Properties definiram um novo padrão.

O mercado estava significativamente desvalorizado e recuperou para um nível normal em 2018/2019. Atualmente, devido à situação de pandemia, o mercado está estagnado, com uma procura contínua, mas com um nível menor de atividades devido às restrições em vigor.

Quais os principais impactos causados ​​pelo atual contexto de pandemia no mercado imobiliário em Portugal? Houve uma redução abrupta de preços e da procura?

Não monitorizamos nenhuma redução abrupta de preços, pelo contrário, com menos atividade ocorreram ainda menos reduções de preços. O principal impacto foi uma desaceleração em tudo: menos propriedades novas, menos reduções de preços, menos aumentos de preços e menos transações. No isolamento, mesmo que as pessoas quisessem comprar não poderiam finalizar uma transação, porque os notários não funcionavam. Os compradores internacionais não puderam visitar Portugal ou estão muito limitados, como no caso do Reino Unido, com requisitos de quarentena no regresso a casa. Muitas agências passaram a oferecer visitas virtuais, mas representam uma pequena parte do mercado.

E qual é a estratégia da Casafari para superar este momento?

Informar os profissionais do setor imobiliário e o público sobre todo o desenvolvimento do mercado imobiliário, apoiando os nossos clientes, com informações de mercado em tempo real, mais workshops e webinars com nossas equipas de atendimento ao cliente, mostrando que estamos cá para ajudar a navegar pela atual situação e a preparar para a recuperação do mercado. Na parte do desenvolvimento de produtos, com nossas ferramentas de análise e avaliação de mercado, estabelecemos um novo padrão em dados imobiliários e continuamente elevamos esse padrão a novos níveis.

Na sua opinião, quais são as perspectivas para o mercado este ano? É expectável uma recuperação?

Depende muito das limitações impostas pelo Governo mas, apesar disso, a propriedade nunca foi tão importante como agora, especialmente quando se trata de espaço privado, segurança e localização. Isto impulsiona a procura compradora por uma boa casa e ajuda a trazer os negócios de volta ao normal. As pessoas entendem que uma casa melhor vale mais do que um carro melhor ou qualquer outro investimento.

Considera que a tecnologia tem tido, e vai continuar a ter, um papel cada vez mais predominante no mercado imobiliário? Porquê e de que forma?

Absolutamente, especialmente porque os imóveis são muito opacos na maior parte do mundo. É a maior classe de ativos do mundo e muitas vezes ainda é exercida como nos tempos pré-digitais. A título de exemplo, se antes da época da Casafari perguntasse a um agente imobiliário quantos apartamentos T2 únicos existem no mercado no Chiado e quanto tempo demora a vendê-los, não havia qualquer resposta. Agora é fácil obter essas informações com apenas um clique de um botão. A tecnologia com dados limpos como base terá um papel cada vez mais importante nas transações imobiliárias de investidores privados e institucionais. As transações que recorrem a dados irão superar o desempenho do mercado que ainda trabalha com base em decisões de intuição e relatórios com base em informações não limpas, não completas e, portanto, limitadas.

Na sua opinião, o futuro das imobiliárias e dos seus agentes passa inevitavelmente pelo recurso à IA e aos dados?

Os clientes (comprador / vendedor) estão mais bem informados do que nunca graças às informações disponíveis na Internet. Já não é suficiente reduzir o papel dos agentes imobiliários para facilitar os contatos entre compradores e vendedores. Para justificar uma comissão, o agente está a assumir o papel de consultor experiente e de excelente mediador. E para responder a perguntas como “Quantos apartamentos T2 existem no mercado, quais são os preços médios e quanto tempo demora a vender” é preciso ter acesso a dados que, em mercados opacos, só podem ser completos, atualizados, limpos e analisados ​​com modelos de Inteligência Artificial.

 

 

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