A energia limpa como ferramenta para o crescimento e resiliência económica

Por José Queirós de Almeida, Chief Marketing Officer da Cleanwatts

Após um período de tempo que gerou instabilidade na economia, aumentando o desemprego e a dívida pública, qualquer benefício para o crescimento económico que incentive este desenvolvimento será uma boa aposta – e existem cada vez mais provas de que as energias renováveis serão uma aposta que excederá expectativas.

Acelerar a transição para um sistema energético baseado em renováveis representa uma oportunidade única não só de ir ao encontro de objetivos climáticos como também de impulsionar o crescimento económico, criando novas oportunidades de emprego e aumentando a prosperidade das comunidades. No relatório “Renewable Energy Benefits: Measuring the Economics”, emitido pela Agência Internacional para as Energias Renováveis, onde são quantificados os impactos macroeconómicos da implementação de energias renováveis, é concluído que, se a percentagem de energias renováveis duplicar até 2030, o Produto Interno Bruto Mundial crescerá 1,1%.

Noutra frente de desenvolvimento económico, se esta duplicação ocorrer serão criados empregos para 24 milhões de pessoas no setor, em diversos campos. Nos Estados Unidos, por exemplo, técnico de turbinas eólicas é um dos empregos com crescimento mais rápido no país, devendo crescer 60,7% até 2029. Já os instaladores de fotovoltaicos são o terceiro emprego com um crescimento mais rápido, sendo estimado que cresça 50,5% no mesmo período.

Por outro lado, não só as energias renováveis geram esta riqueza, como também se estão a tornar um investimento inteligente. Os custos das tecnologias que suportam as renováveis continuam a descer a um ritmo acelerado, nomeadamente o custo dos painéis solares e das baterias. Esta queda de preço aliada ao progresso tecnológico de muitas empresas do setor e a modelos de negócio inovadores coloca-nos num ponto de viragem crucial para as renováveis, onde é possível abandonar o mito de que as energias renováveis são mais dispendiosas do que as energias convencionais. E isto é importante pois, para além da luta contra as alterações climatéricas, as energias renováveis contribuem cada vez mais para a luta contra a pobreza energética, oferecendo às comunidades desfavorecidas por todo mundo a possibilidade de terem finalmente acesso a energia limpa e barata.

A pandemia ofereceu um lembrete de que não pode existir uma economia saudável sem pessoas saudáveis. Neste sentido, os investimentos feitos para recuperar da atual crise de saúde pública devem preparar-nos para melhorar suportar a próxima. Assim, e à medida que os países reforçam a sua estrutura regulatória e política para transformar os seus sistemas energéticos, o investimento em energias renováveis é uma oportunidade única de ir ao encontro dos objetivos climáticos e, ao mesmo tempo, promover o crescimento económico.

Aumentar o investimento nas energias renováveis gerará novas formas de crescimento, aumentará os rendimentos familiares disponíveis e criará empregos. Por isso, daqui para a frente, é importante que se adotem abordagens holísticas e se adotem estruturas adaptáveis, que capturem e meçam os múltiplos impactos da implementação das energias renováveis, de modo a advogar a favor dos investimentos de baixo carbono. Nesse sentido, não se pode deixar de saudar entusiasticamente o recente anúncio da proposta da Comissão Europeia “Fit for 55”, no qual consta cortar as emissões de carbono em 55% já em 2030. É uma proposta ambiciosa, mas que espelha, sem dúvida, que, com a colaboração de todos, podemos atingir com benefícios claros para o planeta e para o crescimento da economia europeia.

 

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