5G: Projeto5G Healthcare da NOS tem investimento acima de 3,3 milhões de euros e junta ULS São João

A NOS lidera o 5G Healthcare, contando com a ULS São João entre os parceiros, esperando as entidades que o projeto com investimento superior a 3,3 milhões de euros sirva de modelo na saúde e seja replicado.

O 5G Healthcare conta com casos de uso como realidade virtual aplicada aos cuidados intensivos, veículos de emergência médica conectados, ou transmissão em vídeo de cirurgias robóticas, entre outros, é liderado pela NOS, em parceria com a ULS São João [Unidade Local de Saúde São João], o INEM e a ULSAM [Alto Minho].

“O investimento de mais de 3,3 milhões de euros será realizado pelos parceiros do projeto, com cofinanciamento da Comissão Europeia”, adianta à Lusa Carla Botelho, diretora de transformação tecnológica e projetos de inovação na NOS.

O projeto, que visa melhorar os cuidados de saúde na região Norte, “tem uma duração prevista de cerca de 36 meses, até 2027”.

A equipa base envolvida no projeto “é constituída por mais de duas dezenas de pessoas, das quais engenheiros técnicos, profissionais de saúde, gestores de projeto”, refere a responsável.

“Uma vez que o projeto prevê a implementação e demonstração de diversos casos de uso em diferentes ambientes, tais como veículos de emergência conectados, ‘live stream’ de cirurgia robótica, realidade virtual na unidade de cuidados intensivos, entre outros, o número de pessoas envolvidas vai escalar rapidamente para as centenas com o envolvimento das equipas operacionais e de técnicos especializados”, diz a responsável.

Por exemplo, no caso de uso que envolve ambulâncias, este projeto “tem como objetivo equipar 18 veículos de emergência com 5G”, adianta Carla Botelho.

Com este projeto “pretendemos demonstrar a aplicabilidade e o enorme valor acrescentado que a tecnologia 5G pode ter na disponibilização de meios mais sofisticados aos profissionais de saúde com resultados diretos na qualidade dos serviços de saúde prestados aos utentes”.

O caso de uso dos veículos de emergência conectados “é um dos mais interessantes e complexos, pois prevê a transferência de dados médicos em tempo real e ‘streaming’ de vídeo entre os equipamentos das viaturas de emergência do INEM e a ULS São João através da rede 5G, exigindo, em simultâneo, elevados débitos e resposta instantânea em mobilidade e em qualquer ponto em que o veículo se encontre”, explica.

A área de teste e demonstração será de 200 quilómetros quadrados em torno do ULS São João, acrescenta Carla Botelho, que refere que a expectativa inicial é de conseguir “contribuir para uma melhoria dos cuidados de saúde nesta região graças ao 5G e às tecnologias por ele alavancadas”.

Existe ainda um objetivo mais alargado de que “este projeto possa servir de ‘blueprint’ de modelo de inovação que possa ser reproduzido em toda a Europa”, sublinha.

Em síntese, “que consigamos demonstrar o potencial da tecnologia, e especificamente do 5G, na promoção de mais e melhor saúde para todos e que isto possa servir de modelo para mais entidades e regiões na Europa”, conclui.

Por sua vez, a presidente da ULS São João, Maria João Baptista, considera, em declarações à Lusa, que “os desafios na saúde, do ponto de vista da inovação e da tecnologia, são imensos”, mas “também oportunidades”.

A ULS São João “pretende continuar na vanguarda da evolução tecnológica na prática clínica e só o conseguimos trabalhando em conjunto com outros parceiros que tragam visão e conhecimento diferente, que nos ajudem a encontrar soluções e caminhos inovadores, essa é a principal mais-valia de integrarmos este projeto”, salienta a gestora.

“Nesta área tecnológica, a disponibilidade de uma rede excelente é vital, não podemos interromper um procedimento delicado porque a ligação caiu. Não só é crítico, no sentido de manter a continuidade dos processos, sempre em tempo real, como também para garantir a confiança dos utentes e dos profissionais de saúde”, sublinha.

“Os exemplos do potencial do 5G na saúde são imensos e estes ‘use cases’ são emblemáticos”, enfatiza.

Ao todo são seis casos de uso: veículos de emergência médica conectados; transmissão em vídeo de cirurgias robóticas; telemedicina; monitorização de saúde; realidade virtual aplicada aos cuidados intensivos; e diagnósticos remotos.

Por exemplo, “a possibilidade de recolher e registar parâmetros clínicos de doentes, de modo automatizado, permite libertar os profissionais para se dedicarem a cuidar destas pessoas”, aponta Maria João Baptista.

Por outro lado, “com a monitorização contínua podemos prever necessidades dos doentes e agir de imediato, mas há muitos outros benefícios, nas áreas de formação e da telemedicina, por exemplo”, prossegue a gestora.

Além disso, “permitir aos utentes ter acesso, em suas casas, a consultas e planos de tratamento por equipas muito diferenciadas, localizadas em hospitais centrais a vários quilómetros de distância é um avanço excecional nos cuidados que prestamos”, argumenta.

A telemedicina já é uma realidade, “mas precisamos evoluir”, defende.

Com o 5G Healthcare “poderemos criar condições técnicas de elevada qualidade e fiabilidade, acessíveis a todos os cidadãos, que são imprescindível para mitigar assimetrias entre regiões do país e efetivamente humanizar procedimentos à distância”.

A tecnologia “permitirá melhorar significativamente a possibilidade de ensino e diferenciação de alunos e profissionais de saúde, permitindo acesso a formação à distância, com disponibilidade de canais seguros de diálogo entre formadores e formandos”, aponta a presidente.

“Acreditamos que este projeto possa ajudar a estabelecer modelos que possam ser replicados e melhorados noutras unidades de saúde, em Portugal, no espaço europeu, e no resto do mundo”, remata Maria João Baptista.

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