A Rússia lançou oficialmente o Khabarovsk, um novo submarino nuclear concebido para transportar os torpedos Poseidon, uma arma de nova geração que Moscovo afirma ser capaz de provocar “tsunamis radioativos”. A embarcação foi apresentada num dos principais estaleiros do país, localizado no noroeste da Rússia, marcando um novo avanço no arsenal estratégico anunciado pelo presidente Vladimir Putin em 2018.
O que é o Khabarovsk?
O Khabarovsk é o segundo submarino russo construído com capacidade para transportar os drones nucleares Poseidon, juntando-se ao Belgorod, lançado anteriormente. De acordo com o Ministério da Defesa russo, o novo submarino “destina-se a cumprir missões navais utilizando armamento submarino moderno, incluindo dispositivos robóticos com diferentes finalidades”.
O ministro da Defesa, Andrey Belousov, afirmou durante a cerimónia de lançamento que as armas a bordo do Khabarovsk servirão para “proteger o território da Rússia e os interesses de Moscovo em todo o mundo”.
A Rússia confirmou recentemente que testou o Poseidon, pouco depois de um ensaio com outro dos seus chamados “superarmamentos”, o míssil de cruzeiro Burevestnik, movido a energia nuclear.
Como se compara a outros submarinos russos?
Segundo analistas citados pela Newsweek, o Khabarovsk parece ser uma versão derivada da classe Borei, uma série de submarinos lançadores de mísseis balísticos (SSBN) conhecidos pela sua capacidade furtiva e pela possibilidade de operar a grandes profundidades sem deteção.
O especialista Frederik Mertens, do centro de investigação neerlandês TNO, explicou que, tal como os Borei, o Khabarovsk foi concebido para “permanecer escondido nas profundezas do oceano, esperando que nunca chegue o momento em que tenha de usar as suas armas”.
O que torna o Poseidon uma arma única?
O Poseidon é um torpedo nuclear de longo alcance, projetado para percorrer grandes distâncias debaixo de água e provocar tsunamis de destruição massiva. O projeto foi revelado pela primeira vez na televisão estatal russa há cerca de dez anos.
O Khabarovsk poderá transportar vários destes torpedos, embora se acredite que seriam usados apenas num cenário de guerra nuclear total. Apesar de algumas especulações apontarem que os Poseidon poderiam também ser utilizados contra navios inimigos, como porta-aviões, os especialistas sublinham que tal operação seria extremamente difícil.
Para Mertens, tanto o Poseidon como o Burevestnik são “armas de terror puro, concebidas para nunca serem usadas”, mas que funcionam como instrumentos de dissuasão estratégica.
Existe algo semelhante no Ocidente?
Os Estados Unidos não possuem uma arma comparável. O submarino Ohio, principal plataforma de lançamento de mísseis balísticos norte-americana, é apenas vagamente análogo à classe Borei, mas não transporta drones nucleares.
Em declarações à Newsweek, Mertens explicou: “A Marinha dos EUA não precisa de uma arma como o Poseidon. Por isso, não tem nenhum submarino com estas capacidades.”
Quais são as diferenças entre o Khabarovsk e o Belgorod?
De acordo com o analista militar H.I. Sutton, o Khabarovsk é ligeiramente mais pequeno do que o Belgorod, embora ambos partilhem uma arquitetura semelhante. O lançamento do Khabarovsk foi adiado pela pandemia de COVID-19 e por ajustes de design resultantes da pressão da guerra na Ucrânia, explicou Sutton.
Os ensaios marítimos do novo submarino deverão começar em breve, segundo o Ministério da Defesa russo, o que poderá confirmar o papel do Khabarovsk como um dos pilares da estratégia nuclear russa para as próximas décadas.














