Transformação Digital

Minsait é uma empresa de tecnologia com largos anos de experiência que facilmente consegue preparar a sua oferta para cenários como o que vivemos recentemente. Em entrevista à Executive Digest, Vicente Huertas, CEO da Minsait em Portugal, explica os principais desafios da empresa num mundo cada vez mais digital.

De acordo com World Economic Forum, em 2022, o mundo digital contribuirá para 60% do PIB mundial. Qual é o papel das TI, neste caso a Minsait, uma empresa da Indra, para o desenvolvimento de uma sociedade cada vez mais digital?

De facto, a tecnologia passou a ser uma ferramenta determinante para garantir a continuidade dos negócios e o desenvolvimento de uma sociedade que é cada vez mais digital. As organizações perceberam a importância do uso de soluções digitais para conseguirem uma maior produtividade dos processos com mais segurança para os clientes. Na Minsait, o nosso propósito é impulsionar os negócios das empresas para que estas possam ter impacto na sociedade, respondendo às necessidades dos clientes, e a tendência mostra-nos que existem algumas áreas que, a curto e médio prazo, vão ser prioritárias dada a sua relevância para o crescimento e desenvolvimento da economia, num mundo digital. Uma das áreas mais visadas será o sector financeiro que precisará de dar resposta à insurgência de múltiplos meios de pagamento, que exigem soluções que o permitam adaptar-se a este novo cenário cada vez mais digital. Por outro lado, e com incidência em todos os sectores, já estamos a deparar-nos com o conceito de “Phygital”. Este conceito promove o equilíbrio natural entre o canal físico e o canal digital, potenciado pela imensurável quantidade de dados, provenientes de grandes centros de dados e computação e também dos inúmeros devices. Trabalhar o conceito “Phygital” será essencial para melhorar a proposta de valor das empresas e permitir uma produção mais eficiente nas várias indústrias. As soluções “Cloud Data” também serão indissociáveis desta revolução digital e ajudarão as empresas e instituições na sua transição para cloud, desde a migração de infra-estruturas até ao desenvolvimento de aplicações core nativas em cloud, que lhes permitirá capturar informação de diversas fontes para explorar, com algoritmos, novas propostas de valor em indústrias B2C em vários sectores (media, retalho, saúde, financeiro, utilities, …). E por último, talvez uma das áreas mais críticas num futuro que será digital, temos uma área que não pode ser relevada de forma alguma, a “Cibersegurança”, pois envolve todos os processos de TI, tais como a segurança das transacções e a protecção de ataques cibernéticos cada vez mais evoluídos. As TI tem pela frente desafios muito aliciantes para dar respostas às necessidades de uma sociedade digital.

Como é que as empresas podem melhorar o seu desempenho através da inovação?

Os dados, que muitos apontam, como sendo o novo petróleo, vão ser estratégicos. A gestão óptima dos dados, para analisar os clientes, os seus comportamentos, conhecer as suas preferências permitirá um marketing adequado às necessidades da empresa e dos próprios clientes. Esta combinação vai gerar um valor acrescentado para os negócios. As empresas precisam de compreender que a sua transformação digital é a forma de evoluir. Esta transformação vai permitir-lhes rever a sua proposta de valor e gerar novos produtos, serviços e modelos de negócio; vai potenciar a relação com o cliente, que é cada vez mais digital e exige mais personalização; vai potenciar operações eficientes, com uma gestão de operações e tecnologias que lhes permite atingir uma maior eficácia, eficiência operacional e flexibilidade. As empresas terão de ser escaláveis e adaptar-se a uma nova realidade.

Na sua opinião, que tecnologias permitirão optimizar a forma como as empresas se relacionam com os cidadãos e empresas?

O modelo de relacionamento com o consumidor está a mudar. A evolução da gestão dos dados passará por adoptar um modelo de integração das soluções on premise com as soluções omnichannel em cloud, para um aproveitamento óptimo dos dados, e deste modo acrescentar valor ao negócio das empresas e instituições. Tecnologias para identificação biométrica, computer vision, affectiv computing, machine learning, deep learning e natural language processing, isto é, tecnologias que nos permitam perceber e raciocinar sobre os dados, muitos deles dados físicos do universo IoT, serão muito importantes neste novo mundo e economia que giram à volta dos dados. Penso que o rumo das empresas tem de ser desenhado através do conceito “Phygital”, onde se conjuga o canal digital com o físico, potenciado por uma grande quantidade de dados que permitem um atendimento omnicanal, personalizado e com maior eficiência.

O e-commerce tem crescido exponencialmente e isso traz grandes desafios para a maioria das empresas destes sectores. Quais as principais soluções da Minsait para optimizar operações?

A indústria de consumo precisa de crescer na implementação de estratégias de transformação e tratamento de dados, bem como rever políticas orçamentais das organizações, de forma a consolidar uma cultura de dados. Em relação aos canais digitais e-commerce, são poucas as organizações que possuem soluções de análise de dados próprios, da concorrência e de venda confiável. Na Minsait desenvolvemos projectos e serviços em toda a cadeia de valor para clientes de primeira linha, promovendo a sua estratégia digital como base da sua especialização, com uma proposta diferencial que assenta em diversos pilares: melhorar o conhecimento e experiência do cliente (personalização da oferta, visão 360° do cliente, experiência de compra omnicanal); digitalização do ponto de venda (optimização da eficiência operacional e das actividades de venda); digitalização da cadeia de fornecimento (monitorização end-to-end de produtos e frotas, optimização de rotas, sensorização de armazéns); e iniciativas de inovação tecnológica, onde aplicamos tecnologias que estão a mudar a concepção do negócio, como a robótica e RPA, blockchain, biometria, cibersegurança, chatbots, visão artificial ou realidade virtual e aumentada, entre outras. No entanto, na Minsait, acreditamos que a abordagem omnichannel, já adoptada por muitos retalhistas, é necessária, mas já não suficiente para satisfazer as novas necessidades dos consumidores, que são mais digitais e estão muito mais informados. O desenvolvimento deste sector passa pelo comércio unificado, onde a visão integrada do cliente, é um factor chave para a sua fidelização e o inerente crescimento dos negócios. As plataformas comerciais unificadas podem ajudar os retalhistas a gerir a crescente complexidade dos canais de interligação, pontos de contacto e novas formas de interagir com os clientes.

Em que consiste a plataforma de Smart Cities da Minsait?

A Minsait trabalha o conceito das Smart Cities através da Onesait Government Cities, que tem como base a Onsesait Plataform, uma plataforma IoT com capacidades big data. Esta plataforma permite cruzar e analisar a informação dos vários serviços urbanos como a água, energia, recolha de resíduos ou o tráfego, e assim tomar decisões em resposta a eventos detectados em tempo real ou prever acções baseadas em procedimentos que tenham sido registados para definir as melhores políticas e geram um serviço público cada vez mais adaptado às necessidades dos cidadãos de forma pró-activa. As nossas soluções estão orientadas para a detecção prévia de riscos e com uma operação coordenada dos serviços públicos promovemos a colaboração público-privada através de ferramentas digitais e a reactivação da economia e emprego. Com tudo isto, conseguimos proporcionar uma oferta integral para Smart Cities que contempla numa plataforma toda a informação dos serviços, desde os dedicados ao cidadão, aos transportes e mobilidade, infra-estruturas, segurança, emergência e energia. Já desenvolvemos mais de uma centena de projectos neste âmbito em todo o mundo, o que resultou numa melhor qualidade de vida para milhões de pessoas e também uma gestão muito mais eficiente dos seus recursos

A Minsait tem também contribuído para a prevenção e mitigação dos efeitos das alterações climáticas. De que forma é que as soluções da Minsait contribuem para um planeta mais sustentável?

Através da tecnologia, podemos contribuir para a sustentabilidade do planeta e para uma economia circular. Soluções como as de sistemas de gestão de resíduos nas cidades, que permitem a optimização da sua gestão e a tomada de decisões em tempo real, a gestão eficiente do tráfego, através de modelos de controlo de veículos e cidadãos trabalho remoto, formação à distância, telemedicina, segurança por drones, gestão digital da agricultura, todos estes processos intensivos em tecnologia aplicada a coisas, máquinas e ferramentas, permitem melhorias de eficiência e contribuem para a descarbonização da atmosfera através da optimização de viagens e consumo de combustíveis fósseis. Para desenvolver todo o potencial de evolução da economia a transição para o 5G será fundamental para suportar o número de interligações na sociedade, em breve ultrapassaremos o trilião de interligações entre as coisas, com aplicações tecnológicas que estão prestes a chegar. Não obstante, será necessário fazer evoluir o nosso quadro jurídico e económico em torno dos dados gerados. Lembro que em toda a nossa oferta procuramos sempre uma maior eficiência e sustentabilidade, tanto económica como ambiental. O compromisso da Minsait com o desenvolvimento sustentável não é circunstancial, faz parte da política e dos valores da empresa. A Minsait, como empresa da Indra, segue as políticas de sustentabilidade desta empresa, que está há 15 anos consecutivos no Índice Dow Jones de Sustentabilidade e renovou, pelo quinto ano consecutivo, a presença no Índice FTSE4Good, além de fazer parte do Carbon Disclosure Project que avalia a sustentabilidade ambiental e visa promover medidas para evitar as alterações climáticas. Recentemente a Indra fechou uma parceria com a The Overview Effect, que cobre de ponta a ponta todas as necessidades em termos de transformação para a sustentabilidade das empresas e instituições: desde a consultoria estratégica, passando pela criação de protótipos, até ao desenvolvimento de tecnologias e produtos A sustentabilidade deve ser uma prioridade em todos os âmbitos empresariais, o nosso objectivo como empresa é contribuir para atingir os ODS (Objectivos de Desenvolvimento Sustentável) colocando todo o nosso talento e tecnologia ao serviço das pessoas e do planeta.

Quais as principais perspectivas da Minsait para o futuro? O plano de negócios mudou com a pandemia?

De momento o cenário que vivemos tem por base as oscilações entre a vacinação da população e o surgimento de novas variantes do coronavírus. É um ambiente que iremos continuar a viver no próximo ano. A Minsait é uma empresa de tecnologia com largos anos de experiência que facilmente consegue preparar a sua oferta para cenários como o que vivemos recentemente. O que identificamos foi que cada vez mais as empresas estão conscientes dos benefícios da tecnologia e assumem a área de TI como core business na evolução e desenvolvimento dos seus negócios, daí existir esta contínua aceleração da transformação digital no tecido empresarial. O “Phygital” vai estar cada vez mais presente no nosso quotidiano. A transição para cloud de empresas e instituições, desde a migração de infra-estruturas até ao desenvolvimento de aplicações core nativas em cloud também estará em destaque. Vejo na tecnologia 5G grandes possibilidades, especialmente no que toca às smart cities, que nos vão permitir tornar o nosso mundo ainda mais conectado podendo cumprir com o desejo de criarmos uma sociedade cada vez mais inteligente através da correlação de dados entre várias infra-estruturas e serviços. Por consequência teremos também vários desenvolvimentos no que toca à cibersegurança: mais de metade das empresas carece de uma estratégia de cibersegurança, o que acarreta vários riscos para a sua gestão e sobrevivência. Em relação ao nosso plano de negócios, esperamos poder continuar a crescer em Portugal tanto em número de pessoas como em resultados, um pouco mais rápido que durante a pandemia, e ser uma empresa atractiva com projectos inovadores e, acima de tudo, esperamos que os nossos clientes continuem a confiar nos nossos serviços.

 

 

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