Paula Panarra, Microsoft Portugal: As maiores mudanças na Gestão em Portugal

1. Quais os grandes desafios ao nível da Gestão, nestes últimos 15 anos?

Nos últimos 15 anos, temos assistido a uma revolução tecnológica que tem vindo a transformar e a desafiar as empresas à escala global. Existe agora uma maior necessidade de adaptação ao nível da gestão para acompanhar uma mudança na forma como os colaboradores trabalham, como se relacionam com os seus clientes, a transformação dos seus produtos e serviços, ou até como optimizam as suas operações. No entanto, a capacidade de adopção da tecnologia tem-se manifestado de forma desigual entre organizações, sectores ou países.

Assistimos à evolução da forma como as pessoas trabalham. Passámos de dar apenas acesso a ferramentas de produtividade, para um modelo onde é mais importante proporcionar-lhes um sistema de colaboração que facilite o trabalho conjunto entre equipas, uma recolha de informação mais eficiente e processos que activem o fluxo de trabalho, seja num modelo de trabalho remoto ou híbrido.

A relação com o cliente deixou de estar presente num contexto único, realçando a necessidade de uma abordagem abrangente a toda a sua experiência e de uma visão 360º do cliente. O nível de exigência dos clientes aumentou significativamente, ao quererem um atendimento mais personalizado e consistente durante todo o contacto com o produto ou serviço.

Os mercados estão cada vez mais globais, logo as empresas têm de estar preparadas para competir a um nível muito elevado. Assistimos a uma crescente necessidade de inovar face à concorrência que está a fazer com que as organizações levem a tecnologia para todas as áreas de negócio, desde processos estruturais até ao desenvolvimento de produtos e serviços.

Por fim, a optimização de processos já não depende de um sistema de cada vez. Com insights conectados, dados e inteligência integrada, os resultados e processos de um sistema, podem optimizar outros. Assim, a aposta em sistemas de negócio inteligentes e conectados, tornou-se fundamental para as organizações reinventarem a relação com o cliente, bem como as operações de back-end, processos internos, e a melhoraria de operações de forma continua e em tempo real.

O mundo está a mudar e para construir a resiliência necessária para ultrapassar os desafios do futuro, as organizações devem ainda reflectir sobre o seu propósito, mantê-lo vivo e actual. A redefinição de propósito e da cultura empresarial, a par da adopção tecnológica serão fundamentais para o sucesso das organizações neste novo paradigma. Assim, a gestão de pessoas deve passar pela construção de organizações com mais diversidade e inclusivas, que promovam constantemente a inovação.

2. Quais as principais mudanças nas empresas e no seu sector em particular?

O sector tecnológico tem sido um driver de mudança nos últimos 15 anos, mas também ele tem tido uma evolução exponencial com a emergência de novas tecnologias. O acesso massificado a smartphones e tablets, assim como a melhoria do acesso à banda larga, contribuíram para uma revolução na criação de dados. De facto, estima-se que 90% dos dados mundiais foram criados apenas nos últimos dois anos e dados do World Economic Forum mostram-nos que um indivíduo gera, em média, 1,7 MB de dados a cada segundo. A Big Data tornou-se um activo estratégico para todas as empresas, ao capacitar a recolha, análise e aplicação de conhecimento sobre todo o negócio e interacções com o cliente, integrando as experiências reais nos sistemas e processos.

A Inteligência Artificial tornou-se uma realidade. Em 2016, com a IA alcançámos a detecção de objectos com paridade humana, hoje já falamos em geração de linguagem natural. A evolução da IA tem assim, tornado possível a aplicação de conhecimentos através de dados nas grandes questões de negócio.

Hoje, poucas são as organizações que operam sem a computação na cloud, através de uma estratégia assente no desenvolvimento e implementação de aplicações e infra-estruturas na cloud. Ao contrário de uma abordagem tradicional, as soluções on-premise, uma organização nativa na cloud pode trabalhar de forma mais eficiente e segura, atingindo novas formas de servir os clientes e com soluções adaptadas às suas necessidades.

Na Microsoft, temos vindo a liderar a inovação exigida de forma contínua e temos trabalhado de forma a capacitar todas as organizações e pessoas a fazê-lo também.

3. Em que medida é que a Executive Digest serviu de “ferramenta” para os gestores portugueses?

A Executive Digest tem-se destacado no panorama de negócios e gestão em Portugal. Neste sentido, temos vindo a colaborar na cobertura de temas relevantes que focam sobretudo o impacto da tecnologia no campo empresarial. Muitos parabéns pelo aniversário e que venham muitos mais, de conteúdos relevantes e estratégicos, essenciais para o desenvolvimento das empresas e quadros portugueses. A salientar que cada vez mais estão a abordar a necessidade de transformação digital, disponibilizando conhecimento chave para uma execução bem sucedida.

Este artigo faz parte do Tema de Capa publicado na Revista Executive Digest n.º 181 de Abril de 2021

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