«A Inteligência Artificial é um “game changer” nos negócios»

Os programas do The Lisbon MBA abrangem muito mais do que apenas proporcionar competências profissionais. Em entrevista à Executive Digest, René Bohnsack, Director Académico no The Lisbon MBA Católica|Nova, e especialista na área de inovação de modelos de negócio, transformação digital e inovação sustentável, explica os principais desafios dos líderes e organizações nesta nova era digital.

Na sua opinião, como é que a Inteligência Artificial está a transformar o mundo dos negócios?
Simplicando, a Inteligência Artificial é um “game changer” nos negócios. É como a electricidade na era industrial – em breve não será possível realizar negócios sem recorrer à IA. As empresas que não abraçarem este desafio simplesmente poderão desaparecer. Serão superadas em todas as frentes, desde a eficiência até análises e produtos inovadores. A IA não é apenas uma actualização, é o núcleo dos futuros modelos de negócio.

De que forma é que o programa “Strategic Management of Innovation” ajuda os alunos a estar na frente da revolução digital?
Costumo dizer que o meu curso “Strategic Management of Innovation” é como um canivete suíço para a era digital. Não se trata apenas de conhecer as ferramentas, trata-se de dominá-las para obter vantagens estratégicas num mundo onde o digital e a sustentabilidade são as novas referências. Trata-se de “equipar” os líderes para tomarem decisões com clareza e visão. As empresas que não inovarem continuamente neste mundo acelerado enfrentarão dificuldades e, eventualmente, poderão desaparecer.

Que outras vantagens podem estes programas trazer aos futuros líderes?
Os programas do The Lisbon MBA abrangem muito mais do que apenas proporcionar competências profissionais. Trata-se de mudar a visão que os nossos alunos têm do mundo e a forma como o vêem. Quero que os meus alunos leiam as notícias e encontrem clareza. Após o meu curso, eles deverão sentir-se preparados, confiantes e enriquecidos para navegar e liderar num mundo VUCA (Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo).

No futuro, como é que as organizações devem integrar os colaboradores (humanos) e IA no processo de decisão?
Após a ascensão do ChatGPT e de ferramentas relacionadas, é imperativo integrar a inteligência humana com a inteligência artificial. Podemos imaginar a inteligência humana e a inteligência artificial como conjuntos de ferramentas distintas: Sistema 1 e 2 de Kahneman para a Inteligência Humana, mas também IA 1, 2 e 3, abrangendo desde tarefas mecânicas até pensamento e até mesmo emoções. Os humanos destacam-se em criatividade, emoções e ética, enquanto a IA se destaca na optimização, em tarefas repetitivas e em decisões racionais. O ponto ideal? É quando conjugamos os dois. Temos de combinar de forma hábil a inteligência humana com a Inteligência Artificial; o humano deve permanecer no circuito. No meu workshop “ChatGPT for Business Development”, aprofundamos exactamente esse tópico.

Como é que estes tópicos relevantes se integram no The Lisbon MBA e como é que podem impactar as carreiras dos futuros gestores?
No The Lisbon MBA, asseguramos a incorporação de temas altamente actuais, como a IA, no nosso currículo, abrangendo áreas como Data Analytics, AI, Digital Marketing, e ética empresarial. O nosso programa está a formar líderes para a fronteira digital. Vejamos, por exemplo, o nosso ex-aluno Henrique Prado Ferreira e a sua startup de IA vencedora do Web Summit 2023. Trata-se de dar aos nossos alunos as ferramentas para desbloquearem o seu potencial.

É fácil perceber a importância da análise de dados no suporte à tomada de decisão. Mas a ciência de dados e as novas ferramentas de Inteligência Artificial permitem ir além da análise descritiva, até à análise preditiva e prescritiva. Quão avançadas estão, já hoje, estas ferramentas?
Gosto de fazer uma comparação: são como carros desportivos, rápidos e cheios de potencial. Mas estes também podem desaparecer se não soubermos como lidar com eles. Ainda há muitas divagações e histórias à volta deste tema, e, embora estejam avançados, confiar apenas na ciência de dados e nas ferramentas de IA para a tomada de decisões pode ser arriscado. No futuro, isso pode ser diferente, talvez o GPT-5 resolva esse problema.

Na sua opinião e atendendo ao actual contexto, qual a ligação entre as escolas e as empresas para enfrentar os desafios actuais e futuros da gestão e da economia?
Na educação, mais precisamente, os investigadores observam e estudam o que está a acontecer na realidade, enquadram essa informação e tornam-na acessível a todos de forma a permitir que as empresas compreendam uma realidade complexa. Particularmente no desafio da dupla transformação, surgem mais oportunidades, mas também mais regulamentações relativas à sustentabilidade e às tecnologias digitais. Assim, as instituições de ensino são extremamente importantes porque quem mais poderia orientar de forma neutra? No meu laboratório Digital+Sustainable Innovation Lab, na CATÓLICA-LISBON, conduzimos exactamente essa investigação. Observamos, dissecamos e enquadramos. O nosso objectivo é dar sentido à complexidade e traduzi-la em estratégias viáveis, especialmente agora, enquanto enfrentamos os desafios da dupla transformação.

Que qualidades deverá ter o líder do futuro neste mundo tão volátil e incerto?
Efectivamente, acabámos de estudar mais de 20 startups e líderes de expansão na Europa para ver como estão a utilizar a IA, e descobrimos que o que é relevante para as empresas é ter conhecimento das funcionalidades da IA, capacidades de refinamento da IA, capacidades combinatórias e capacidades reflexivas. Além disso, os líderes devem ser capazes de orientar os seus colaboradores neste mundo acelerado, fazê-los sentir-se seguros, ouvidos e desafiá-los a melhorar continuamente.

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