Vila Galé: Ser diferenciador
O Grupo Vila Galé abriu o primeiro hotel em 1988, na Praia da Galé, Algarve, e 2000 ficou marcado pelo início da internacionalização – já com 11 hotéis em Portugal e com sólida situação financeira, entenderam ser hora de avançar para o exterior, por várias razões: expansão da marca Vila Galé e do negócio e diversificação da oferta para os clientes fidelizados. Nesse ano, foi inaugurado o Vila Galé Fortaleza, o primeiro no Brasil e fora de Portugal. Depois, em 2006, foi um dos grupos pioneiros a lançar os conceitos de resort com tudo incluído neste mercado, com a abertura do Vila Galé Marés, na Bahia. «A escolha do Brasil como primeiro destino de internacionalização pareceu-nos bastante natural dada a potencialidade do país na hotelaria e no turismo, a proximidade cultural, a língua e pelas sinergias que possibilitaria com a operação e com as equipas em Portugal. Hoje, somos a maior rede de resorts do Brasil. Temos já 10 unidades a funcionar e mais duas em construção, o Vila Galé Sunset Cumbuco e o Vila Galé Collection Ouro Preto. Estamos também a desenvolver projectos em Belém do Pará, Alagoas, Inhotim e São Luís do Maranhão. Por outro lado, o Brasil é também um destino importante para exportação dos nossos vinhos e azeites alentejanos, com a marca Santa Vitória, e do Douro, com a marca Val Moreira», explica Jorge Rebelo de Almeida, fundador e presidente do Grupo Vila Galé.
Até ao momento, o balanço do processo de internacionalização é muito positivo. Quanto ao Brasil, continua a ser um país estratégico para a Vila Galé, onde actualmente emprega mais de 3500 pessoas e tem vindo a consolidar a posição, atingindo uma grande notoriedade e reconhecimento. Recentemente, deu mais dois passos muito importantes na expansão internacional, com a entrada em Cuba – com a abertura do Vila Galé Cayo Paredón, um resort junto a uma praia caribenha linda em Cayo Paredón Grande –, e em Espanha, onde vai abrir o primeiro resort em Isla Canela, em Abril próximo. Sobre os principais factores para se ser bem-sucedido, Jorge Rebelo de Almeida não tem dúvidas: «Desde logo, trabalhar muito e estudar bem os países onde pretendemos entrar, conhecer o mercado e a legislação, preparar bem as equipas, apresentar produtos e conceitos inovadores, e garantir que temos uma marca diferenciadora e com valores bem definidos.»
O fundador e presidente do Grupo Vila Galé sublinha que analisa permanentemente oportunidades, tanto nos países onde já está presente como noutros e recebe bastantes propostas para avaliar imóveis já existentes ou localizações para fazer novos hotéis. Há vários critérios a ter em conta, como o potencial turístico (clima, segurança, cultura, património histórico, belezas naturais, gastronomia), o enquadramento socioeconómico, o dinamismo do turismo (ligações aéreas e acessibilidades existentes, características do parque hoteleiro), o investimento necessário ou a forma como se encaixa na estratégia da Vila Galé. É também muito importante a possibilidade de captação de turistas para Portugal. «Os principais desafios estão precisamente relacionados com a adaptação dos nossos produtos e posicionamento ao contexto local, tanto a nível empresarial, como social, cultural ou jurídico. É por isso que, sempre que possível, optamos por ter equipas nativas e que apostamos muito na nossa academia de formação. Só assim conseguimos ter os nossos colaboradores sempre bem preparados», refere Jorge Rebelo de Almeida.
TECNOLOGIA E SUSTENTABILIDADE
O papel da tecnologia e da inovação nesta expansão além-fronteiras é essencial, tanto no processo de definição de possíveis mercados-alvo, graças às fontes de informação e à tecnologia de análise disponíveis, como também no desenvolvimento de projectos, no relacionamento e partilha de conhecimento entre as equipas, na formação, na operacionalização do negócio e na superação das distâncias. Além disso, só através da tecnologia e da inovação de produtos e conceitos o Grupo consegue ter uma marca com identidade própria e que se diferencia em todos os mercados onde está.
«A sustentabilidade, a preservação do meio-ambiente e das espécies e a responsabilidade social são centrais na nossa estratégia. Estamos totalmente empenhados e comprometidos com desafios como a poupança energética e aposta em energia renovável, a redução do consumo de água e procura de soluções para o seu consumo cada vez mais conscientes, por exemplo através de um projecto piloto de dessalinização que estamos a preparar no Algarve. Nas nossas unidades de Portugal e do Brasil temos apostado nas hortas biológicas e nos resorts brasileiros temos vindo a fazer um levantamento de toda a fauna e flora circundante. Reforçamos cada vez mais os conceitos de paper-free e plastic-free. Em Portugal, todos os hotéis estão equipados com carregadores de veículos eléctricos também. E temos muita consciência de que as gerações futuras vão recursar-se a entrar em hotéis que não sejam amigos do ambiente e sustentáveis», sublinha.
Ao nível da internacionalização, os objectivos do Grupo para os próximos anos passam, desde logo, por consolidar a presença nos países onde está presente. «O nosso propósito não é entrar num país por entrar, ou só para dizer que já estamos num número muito grande de destinos. Mas sim consolidar a nossa marca e ter uma presença forte e envolvimento com as comunidades. É por isso que continuamos a trabalhar em novos projectos no Brasil e estamos também já a estudar mais oportunidades em Espanha, em Madrid e Sevilha, por exemplo, ou em Havana, no caso de Cuba», conclui Jorge Rebelo de Almeida.
Este artigo faz parte do Caderno Especial “Internacionalização das Marcas Portuguesas”, publicado na edição de Março (n.º 216) da Executive Digest.