Nova SBE: Sociedade cada vez mais digital

O reforço das ferramentas tecnológicas ao dispor das equipas, docentes e participantes, tal como o recurso à análise dos dados recolhidos na operação durante toda a jornada de aprendizagem (desde o pedido de informação ao pós-programa), torna-se fundamental para a Nova SBE continuar a oferecer uma oferta adaptada às necessidades do mercado. Em entrevista à Executive Digest, Carla Figueiredo, Head of Executive Education Portfolio Management, e Tiago Godinho, Head of Digital Experience Lab & Cybergym, os principais desafios e oportunidades da formação numa sociedade cada vez mais digital.

A disrupção digital está a acontecer a uma velocidade e escala sem precedentes, alterando os modelos comerciais em todas as indústrias e forçando as empresas a adaptarem-se a esta nova realidade. Nesse sentido, quais os grandes desafios que a Nova SBE se prepara para enfrentar no futuro no âmbito da transformação digital?

Carla Figueiredo (CF): A disrupção digital tem vindo a ser um dos fenómenos mais impactantes dos últimos anos, revolucionando a forma como vivemos e nos relacionamos. Isso permite-nos explorar novas possibilidades oferecidas pela tecnologia para criar modelos de negócios mais eficientes, produtos e serviços inovadores, e alcançar um público-alvo de forma diferenciadora.

Na Nova SBE Executive Education estamos também a experienciar e alavancar esta transformação, sendo este um dos nossos pilares estratégicos. O reforço das ferramentas tecnológicas ao dispor das equipas, docentes e participantes, tal como o recurso à análise dos dados recolhidos na operação durante toda a jornada de aprendizagem (desde o pedido de informação ao pós-programa), torna-se fundamental para continuarmos a oferecer uma oferta adaptada às necessidades do mercado. Fruto dessa transformação, investimos em estúdios para aulas online, salas de formação híbridas e parcerias com plataformas metodológicas baseadas em problem-based learning para que a experiência do participante, a aquisição do conhecimento e a transposição desse conhecimento para a realidade empresarial seja feita de forma natural e com alto impacto.

Que programas nesta área colocam à disposição dos formandos?

CF: Para responder aos desafios das empresas nesta temática, desenvolvemos uma jornada cruzada de programas nas áreas de Data, Tecnologia & Web3 e Inovação & Empreendedorismo. Na área de Data, Tecnologia & Web3, destacamos a pós-graduação em Data for Business e os programas intensivos Transformação Digital Aplicada, Liderar a Transformação Digital e Blockchain & Smart Contracts. Já na área de Inovação & Empreendedorismo, destacamos o programa The Next Legacy e o programa online xBA Exponential Business Administration.

Quais os pilares fundamentais para acelerar a transformação digital das empresas portuguesas?

Tiago Godinho (TG): O pilar fundamental é o da literacia digital. É necessário capacitar as nossas empresas para entenderem as oportunidades do digital e as tecnologias que têm já hoje à sua disposição. Isso irá ajudá-las a entender não só aquilo que faz falta ao seu negócio, como aquilo que não faz. Mas esta literacia digital deve ser distribuída: todos os membros da organização devem ser chamados a desenvolvê-la. Se todos conhecerem as ferramentas que permitem construir organizações mais digitais, a empresa terá em cada colaborador um potencial “arquitecto” de soluções.

Como é que as empresas devem tirar o máximo valor da adopção de tecnologias digitais e reforçar o crescimento?

TG: As empresas devem investir algum tempo a experimentar ferramentas e a testar antes de investir. De preferência, com grupos de teste alargados compostos pelos seus colaboradores. Isto vai-lhes permitir prototipar, ensaiar soluções, desfazer vieses e sensibilizar as pessoas para o potencial das tecnologias. Vai também permitir fazer optimização cruzada: uma folha de Excel foi exclusivamente uma ferramenta de análise financeira até alguém ter precisado de uma solução para fazer gestão de projecto. As tecnologias podem representar soluções diferentes dentro da mesma empresa, pelo que é ideal contar com várias perspectivas para conseguir maximizar o potencial das mesmas.

Para serem competitivas e bem-sucedidas num mundo dominado pelo digital, o que as empresas devem ter em consideração para os próximos anos?

TG: Devem estar conscientes de que o mundo não vai ficar menos digital e que, em princípio, a velocidade de transformação não vão abrandar. Tudo isto também graças a gerações de consumidores e executivos cada vez mais digitais, exigentes e informadas, que procuram nas marcas e nos serviços experiências diferenciadoras, on demand, e personalizadas. Vivemos num mundo em que uma boa ideia pode tornar-se numa tendência global em apenas alguns dias. Se as empresas não fizerem por se manterem actualizadas, por inovar e por desafiar a forma como actuam, correm o risco de serem ultrapassadas por quem o faça.

A chegada e generalização das tecnologias e as exigências de empresas e consumidores que pedem novas experiências. Neste cenário, as ferramentas digitais e a transformação digital serão fundamentais?

TG: Em linha com a resposta anterior, sem dúvida. Os novos padrões de consumo exigem empresas mais ágeis, que consigam desenvolver relações de proximidade com milhares ou milhões de clientes ao mesmo tempo. A analítica e os dados são fundamentais e, para que haja dados, é necessário haver ferramentas digitais para os gerar e recolher.

Qual o papel das TI e a sua evolução para uma sociedade cada vez mais digital?

TG: As tecnologias de informação são as ferramentas que permitem construir esta sociedade cada vez mais digital. Estas tecnologias evoluem a par com o aumento da consciencialização em relação às oportunidades e aos benefícios da digitalização. Mas não devemos estar focados em construir uma sociedade cada vez mais digital só porque temos ferramentas e condições para isso: é necessário evoluir também na consciência das limitações da tecnologia, do que é que deve ser ou não digitalizado e de que decisões em relação à tecnologia conduzem a maior justiça e distribuição de proveitos entre todos. É importante mitigarmos o risco de investir onde não é necessário ou de desumanizar a sociedade que estamos a construir.

Como é que as tecnologias disruptivas como a IA, big data, blockchain ou realidade virtual e aumentada podem marcar a diferença na transformação tecnológica?

TG: O potencial da maior parte das tecnologias disruptivas não é realizável imediatamente, antes pelo contrário: vai sendo desbloqueado ao longo do tempo. Alguns dos casos de uso destas tecnologias pertencem a um contexto que necessita de condições que ainda não temos, como por exemplo o metaverso – ainda estamos longe da adopção massificada de equipamentos de realidade virtual, pelo que a promessa de que o trabalho remoto em ambientes imersivos 3D será o novo normal ainda está longe.

O mais importante é ir avaliando e experimentando estas tecnologias, para conseguir apurar aquilo para que servem e aquilo para que não servem, de maneira a que, quando chegar o momento certo, seja possível utilizá-las enquanto vantagem competitiva.

Como descreveria uma empresa “à prova do futuro”, preparada para os desafios que se avizinham?

TG: Uma empresa “à prova de futuro” deve ser uma empresa à prova do desconhecido. O futuro pode tornar-se menos inesperado, menos desconhecido, se as empresas estiverem já hoje a tentar entendê-lo. Estamos a falar de empresas que criam uma cultura em que todos se sentem chamados a pensar e a executar a transformação digital. São empresas assentes numa constante actualização, que devotam tempo e recursos a monitorizar e experimentar tecnologia e a identificar o que esta pode fazer pelo seu negócio. E se o fizerem, estarão a criar as condições para entender para onde o mundo se dirige, e para passar de consumidores do futuro a construtores desse mesmo futuro.

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Transformação Digital”, publicado na edição de Novembro (n.º 212) da Executive Digest.

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