Nova SBE: Rigor e inovação

Torna-se necessário aumentar a consciencialização de que a educação e a formação não terminam quando as pessoas estão a meio da sua carreira profissional, mas tem que ser desenvolvida de forma contínua. Em entrevista à Executive Digest, Filipa Breia da Fonseca, Doutorada em Gestão pela Nova School of Business and Economics e Professora Adjunta em Gestão e Coordenadora Científica da Pós Graduação de Gestão na Saúde na Nova Executive Education, explica os principais desafios, prioridades e oportunidades para a formação executiva no sector da Saúde.

Nova SBE Health Economics & Managament Knowledge Center é o centro de investigação da Nova SBE nas áreas de Economia da Saúde, Gestão de Saúde, Políticas de Saúde e Saúde Pública. Quais os principais objectivos deste Centro?
O Nova SBE Health Economics & Management Knowledge Center (NHEM) é uma unidade do centro de investigação da Nova SBE que desenvolve conhecimento para as áreas de economia e gestão da Saúde. Um dos nossos objectivos é produzir investigação para criar e partilhar conhecimento rigoroso, potencializando decisões bem informadas e fundamentadas relativamente a questões de saúde que beneficiem a nossa sociedade.
Nesse sentido, investigamos os aspectos económicos da saúde e da doença, os custos e benefícios da prevenção e do tratamento, bem como o desenvolvimento de toda a área operacional e melhoria de processos e de avaliação dos sistemas de saúde. Gostaria ainda de realçar a particular importância em todas as áreas, da existência de rigor e inovação dos métodos de pesquisa e investigação que usamos.

Ao nível de formação executiva, que ofertas gostariam de destacar no sector da Saúde?
A necessidade de as organizações investirem em formação e educação executiva é fundamental. Empresas de todos os quadrantes percebem que para serem eficazes e conseguirem responder aos desafios no ambiente exigente em que vivemos nos dias de hoje, isto é, volátil, incerto, complexo e ambíguo, precisam de ferramentas de liderança e de capacidades organizacionais diferentes daquelas que as ajudaram a ter sucesso no passado.
Há também um crescente reconhecimento que o desenvolvimento destas competências não deve ser restrito aos colaboradores que se encontram nas linhas de comando da organização.
Na saúde, o propósito da formação e da educação contínua é não só melhorar resultados, mas também munir os profissionais com determinadas ferramentas, oferecendo desta forma melhores condições de prevenção e tratamento para o doente.
Será necessário aumentar a consciencialização de que a educação e a formação não terminam quando as pessoas estão a meio da sua carreira profissional, mas tem que ser desenvolvida de forma contínua.
Sendo a saúde um dos sectores que está em constante evolução, as tecnologias e procedimentos considerados como melhores práticas hoje podem mudar drasticamente num curto espaço de meses.
Por essa razão, os prestadores de cuidados têm que se manter regularmente actualizados com novas disciplinas, procurando formação executiva que ofereça conhecimento científico, passagem de experiência executiva dos docentes, bem como técnicas e metodologias que expandam os seus conhecimentos e áreas de especialidade. A Pós-graduação em Gestão na Saúde da Nova Executive Education oferece todas estas competências.

Como é que esta pós-graduação se diferencia da concorrência?
Defende-se muitas vezes que os programas tradicionais de formação já não preparam os executivos da maneira mais adequada para os desafios que enfrentam hoje e no futuro. Actualmente as organizações procuram que os programas respondam de forma holística, exigindo competências não só na área da economia e gestão da saúde, mas também em áreas organizacionais e operacionais, tais como value based healthcare, segurança, digital, health technology assessement, que são necessárias para liderar uma colaboração coerente e proactiva. A jornada formativa que oferecemos na Nova Executive Education foi desenvolvida com base nos programas oferecidos pelas business schools internacionais. A mesma é oferecida em formato híbrido e o foco da mesma desenvolve-se em 3 grandes áreas: estratégia, performance e inovação. Além disso, os alunos desenvolvem ao longo deste curso executivo desafios estratégicos em equipa, isto é, projectos em organizações de saúde, no intuito de desenvolver soluções para problemas específicos que inclusivamente muitos deles têm até na sua própria organização. Alguns destes projectos têm origem nos desafios estratégicos e estão hoje em dia a funcionar com sucesso em algumas organizações de saúde, públicas e privadas.

O número de formandos interessados na área da Saúde tem vindo a aumentar? Porque razões? Quem são?
Temos tido muita procura do curso desde a sua primeira edição e um número crescente de alunos desde essa altura. A credibilidade, qualidade e experiência do corpo docente e da jornada formativa que é oferecida tem-nos mostrado que existe uma procura activa desta formação pelas mais diversas áreas dos profissionais de saúde, isto é médicos (das mais variadas especialidades), médicos dentistas, farmacêuticos, enfermeiros, psicólogos e gestores em saúde, do sector público e no privado.
Penso que cada vez mais há uma necessidade premente que leva os profissionais de saúde a quererem desenvolver competências em gestão.
Apesar da existência da proliferação de plataformas colaborativas para resolução de problemas e adocracias digitais que incentivam a iniciativa da resolução de problemas de uma forma individual, as organizações esperam cada vez mais que os colaboradores, independente do departamento em que desenvolvem a sua área de actividade, tomem cada vez mais decisões importantes e que se alinhem com a estratégia global e com a cultura da organização. Nesse sentido, torna-se importante que gestores de saúde e líderes estejam munidos de competências e talentos relacionados com todos estes temas da gestão.

Quais os contributos que a Nova SBE pretende dar para o sector da Saúde em Portugal? Quais as principais prioridades para o próximo biénio?
Principalmente, contribuímos para a disseminação de conhecimento e formação científica e executiva. Os programas de educação e formação precisam de transmitir conhecimento da forma mais actual possível, de maneira a que os profissionais de saúde possam usá-lo e aplicá-lo para tomar melhores decisões em saúde. O ensino de casos com exemplos concretos, que possam ser aplicados a situações do dia a dia, o desenvolvimento de programas de “aprendizagem de acção” que envolvam discussões de casos baseados em experiências, factos concretos e oportunidades personalizadas para resolver problemas da vida real serão boas práticas de aplicação no presente e no futuro.
Quanto às prioridades, de acordo com a nossa experiência e com base nos estudos que temos vindo a desenvolver no terreno, temos constatado que em Portugal, e na área da saúde em particular, existem muitos problemas estruturais. Além disso, existe um conjunto de problemas sérios no Serviço Nacional de Saúde, nomeadamente no que diz respeito ao financiamento, à gestão, ao investimento, acesso aos cuidados e aos recursos humanos.
Penso que a principal prioridade, e um dos principais desafios para o próximo biénio na área da saúde, será a gestão de recursos humanos. Se não se investir nas pessoas, as instituições médicas correm o risco de perder os seus especialistas para outros empregadores, nacionais e internacionais. A perda de valiosos ganhos de conhecimento pode ainda levar ao uso ineficiente do sistema, e consequentemente a pacientes insatisfeitos.
Além disso, existe ainda a falta de uma cultura de exigência, reconhecimento e premiação, não se valorizando o desempenho dos colaboradores.

Na vossa opinião, como se avizinha o futuro da Saúde em Portugal?
Penso que a falta de uma cultura de exigência, reconhecimento e premiação, que culmina na desvalorização do desempenho dos colaboradores, como já frisei anteriormente, pode levar a vários problemas no sector da Saúde em Portugal. O Sistema Nacional de Saúde está já a enfrentar situações desafiantes e a tendência é um fortalecimento do sector privado, face aos desafios apresentados no sector público. Se queremos inverter a tendência, é necessário focar-nos nos desafios e tentar encontrar soluções viáveis, educação e formação podem fazer parte destas respostas.

Este artigo faz parte do Caderno Especial “O Mundo da Saúde”, publicado na edição de Junho (n.º 207) da Executive Digest.

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