ISEG Executive Education: Dar resposta aos desafios dos líderes

O desafio das escolas de negócio é consolidar e ao mesmo tempo antecipar o que são as tendências que impactarão a sociedade e os negócios. Em entrevista à Executive Digest, Francisco Velez Roxo, presidente do ISEG Executive Education, explica como a instituição está a desenvolver soluções de aprendizagem que possibilitem o desenvolvimento das pessoas para, mais do que responderem, liderarem essas transformações.

A partir de agora, e tendo em conta o início de 2024, qual o ponto de situação e perspectivas para o futuro ao nível da formação de executivos?

O contexto económico e social é actualmente muito desafiante a nível internacional e instável em várias dimensões a nível nacional, pelo que naturalmente sentimos alguma ponderação, principalmente por parte das empresas, na tomada de decisão na formação de executivos. No entanto, conseguimos identificar claramente que existe uma maior compreensão transversal para que o upskill e reskill holístico de executivos e empresas é absolutamente fundamental para o sucesso, em períodos de turbulência.

Que áreas e temas estão a ser mais procurados? Quais os temas em expansão, e de contracção? É uma continuidade de 2023?

Os programas em áreas core que permitem o desenvolvimento de pessoas para cumprir novos desafios, por exemplo de legislação, como ESG e Anticorrupção. Estes cursos, estão sempre completamente esgotados. A par de outras áreas críticas estrategicamente como são os casos da Cibersegurança e da Inteligência Artificial (IA).

Que novidades gostariam de destacar para 2024, a nível empresarial e também individual?

O ano de 2024 está a marcar uma evolução no nosso portefólio, reforçando a importância de programas para executivos e empresas, trazendo simultaneamente inovações que ajudam a reinventar o futuro técnico e comportamental das pessoas, da sociedade no seu todo e da economia em particular. Destacamos:

  • ESG Reporting Corporativo e Não Financeiro: um programa de 34 horas onde os participantes desenvolvem a capacidade de realizar o reporting corporativo de acordo com as normas Corporate Sustainability Reporting Directive (CSDR) e Non-Financial Reporting Directive (NFRD).
  • Artificial Intelligence for Value Creation: um programa de 30 horas, com o contributo de empresas como Microsoft, Deloitte, Salesforce, Sonae e Amazon Web Services onde gestores aprofundarão o conhecimento e potencial das aplicações de IA nos negócios, para prepararem as suas organizações.
  • Leading People & Change: um programa de 29,5 horas, onde se inclui coaching individual, para managers, directores e gestores encontrarem as suas características enquanto líderes, optimizarem a performance das suas equipas e serem capazes de conduzir uma mudança organizacional eficazmente.
  • Finanças para Tomada de Decisão: um programa de 24 horas, concebido para profissionais sem formação em finanças, que pretende desenvolver um conhecimento integrado de conceitos financeiros, matemática financeira, fiscalidade e análise de investimento, para tomarem decisões mais conscientes do impacto financeiro e serem uma parte importante da estratégia da empresa, na definição estratégica e de budgtes.

No decorrer do próximo mês lançaremos mais novidades, nomeadamente pós-graduações em Gestão de Activos Turísticos e Comércio Internacional, assim como programa executivos em Economia da Defesa e Growth Mindset & Cultura Empresarial. Podendo até ao final do ano existirem mais novidades relativamente ao nosso portefólio, acompanhando o que são as necessidades dos executivos e empresas.

Relativamente à consolidação da oferta, com impacto para o desenvolvimento de todos os níveis da organização, podemos ainda destacar:

  • Strategic Leadership Program: em Maio tem início a 3.ª edição de um programa de liderança estratégica dirigido a C-Leve, que une o ISEG e a Columbia Business School. A primeira semana em Maio decorrerá em Lisboa, em Junho decorrerá a segunda semana em Nova Iorque e o programa fechará com um dia em Lisboa, em Setembro.
  • Pós-graduação em Applied Artificial Intelligence & Machine Learning: parceria da Amazon Web Services e Devoteam, desenvolve profissionais capazes de criarem soluções de machine learning e IA nas suas empresas, sendo para isso muito importante o projecto que desenvolvem no decorrer da pós-graduação end-to-end, através de casos reais de empresas parceiras como a RTP, Fidelidade e eSPap.
  • Gestão de Risco e Compliance: Regime Geral da Prevenção da Corrupção: programa de 30 horas, que especializa executivos na detecção e prevenção de fraude, com a possibilidade de desenvolverem um Plano de Prevenção de Riscos de Corrupção e Infracções Conexas para a sua organização.
  • Pós-graduação em Auditoria, Risco e Cibersegurança: programa fundamental para os profissionais criarem metodologias sofisticadas e eficazes na gestão do risco e no controlo de custos de contexto.

Como estão os MBA face aos outros programas de formação executiva? A ganhar ou a perder terreno? Qual a vossa expectativa?

O programa de MBA do ISEG é muito prestigiado, por ser o MBA da Universidade de Lisboa já com 40 edições realizadas. Neste momento, por exemplo, os participantes da 39.ª edição estão a realizar uma imersão na Califórnia (Silicon Valley), que resulta de uma parceria com a University of San Francisco e que se traduz em grande valor para a visão empresarial e capacidade de inovação nas pessoas que competem cada vez mais em mercados globais e digitais.

O MBA é um programa longo e bastante exigente, pelo que notamos essencialmente uma mudança no perfil de participantes, encontrando cada vez mais profissionais jovens, com experiência relevante e cargos de responsabilidade, a pretenderem alavancar as suas competências para alcançar um nível seguinte da carreira.

As novas gerações vão forçar uma mudança na estrutura das organizações: não querem ter a obrigatoriedade de trabalhar em horários fixos e ambicionam autonomia, por exemplo. Qual o papel das escolas de negócio nesta transformação?

O papel das escolas de negócio é consolidar e, ao mesmo tempo, antecipar o que são as tendências que impactarão a sociedade e os negócios, para ter a capacidade de desenvolver soluções de aprendizagem que possibilitem o desenvolvimento das pessoas para, mais do que responderem, liderarem essas transformações.

Actualmente, já identificámos com clareza que temas como a IA, sustentabilidade, agilidade e liderança estratégica terão um forte impacto no futuro do trabalho. Como tal, orgulhamo-nos da resposta que estamos a dar a estes desafios, com uma oferta robusta e integrada nestes temas, possibilita a preparação dos líderes actuais e futuros para que sejam capazes de continuar a criar valor, incorporando e retirando o máximo potencial das transformações que moldam o mundo.

Temos em Portugal um verdadeiro cluster do ensino, com um conjunto de universidades que se distinguem em diversas matérias. Como é que as niversidades podem colaborar ainda mais entre si para criar um hub universitário ainda mais ambicionado e procurado?

O ISEG é a Escola de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa com 112 anos de existência, desenvolvendo-se nos nossos dias já uma relação cada vez mais próxima com outras escolas, o que nos permite criar sinergias. Ainda assim admitimos que são escassas face ao potencial de criação de valor que existe no hub da formação em Portugal. É um trabalho a ser muito mais desenvolvido, como é o caso do programa customizado “Lab Justiça”, que vai já na segunda edição e com uma nova versão “Deep Dive” e em que o ISEG em conjunto com a Nova SBE e a Porto Business School estão a preparar mais de 100 profissionais do sector da Justiça para temas críticos como a inovação, gestão da mudança e transformação digital.

E continua-se a falar na atracção e retenção de talentos. Continua a haver uma clara aposta na formação como medida para combater esta situação?

Independentemente dos desafios da atracção e retenção de talento em geral, as organizações e os profissionais já compreenderam a necessidade de investirem em lifelong learning para conseguirem acompanhar as transformações vertiginosas que o mundo coloca quase diariamente. A necessidade de actualização constante de conhecimentos e aquisição de novas competências é crítica para o desenvolvimento estratégico e operacional das organizações, independentemente do sector de actividade, pelo que a formação é um dos veículos ideais de desenvolvimento e criação de valor e networking, muitas vezes intra-empresa, que promove um crescimento de um mindset arrojado, inovador e capaz de criar valor sustentado.

Este artigo faz parte do Caderno Especial “MBA, Pós-graduações & Formação de Executivos”, publicado na edição de Março (n.º 216) da Executive Digest.

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